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Terça-feira, 19/3/2002
O Fino da Fina

Julio Daio Borges




Digestivo nº 73 >>> E o Brasil podia ter ensinado o mundo, como queria Cazuza. Não ensinou. Outra capsula desse tempo foi aberta por Marcelo Froés e, 20 anos depois da morte do amor, do sorriso e da flor, Elis canta para nós, nessa súmula de compactos. São registros de momentos e de intenções várias. Abrindo com os festivais: Saveiros; Canção de não cantar; Jogo de roda; Canto triste; O cantador. Flertes ocasionais com a Bossa Nova, e a defesa empedernida dos compositores de sua geração: Noite dos mascarados; Lapinha; Um novo rumo; Yê-melê; Upa, neguinho; Samba da bênção; Depois da queda. Até bobagens com (e por) Pelé: Perdão, não tem; Vexamão. Elis Regina - sempre na ponta da língua de qualquer iniciante ou veterana - há muito, não dialoga com a música que se fez depois. Acerta mesmo quando arrisca (em versões para o francês, em incursões pelos anos 70, em tolices de humorista). Sua serenata do adeus, por força da violência, tornou-a ainda mais definitiva. Não nascem duas Elis Regina. Os jazzistas agonizavam por puro desinteresse das gravadoras, e o público debandava para o rock - há coisa de 35 anos atrás, a MPB podia ter assumido o leme, com brilho, e com folga. País de terceiro mundo, periferia da cultura - sorry, não ia mesmo dar. Dá no que dá. Os filhos não merecem o que os pais deixaram. "20 anos de saudade" giram na vitrola. É o máximo que se pode exigir por agora.
>>> Elis - 20 anos de saudade
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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