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Quinta-feira, 28/3/2002
Ação e Romance

Julio Daio Borges




Digestivo nº 75 >>> Existem mil e uma maneiras de tratar as diferenças entre os sexos. A mais comum é aquela que convoca especialistas, para discorrerem sobre os conceitos e preconceitos do grande público, geralmente na televisão, apoiando-se num vasto arsenal de frases feitas e de lugares-comuns do “psicologuês” moderno. Marcelo Masagão, em seu novo filme “Nem Gravata Nem Honra”, foi um pouco mais original. Em primeiro lugar, expulsou os especialistas da sala. Em segundo lugar, foi até Cunha, na divisa entre São Paulo e Rio de Janeiro, e recrutou “pessoas da rua”, para falar justamente das diferenças entre homens e mulheres. O resultado não podia ter sido melhor. Apesar da câmera, e dos temas sugeridos pelo entrevistador, os protagonistas – gente simples – sentem-se tremendamente à vontade para expor suas experiências e seus pontos de vista, colhidos diretamente da vida. A edição transborda em humanismo, porque os cortes não privilegiam apenas os melhores ângulos dos entrevistados, mas tentam compor um quadro completo dos seres humanos ali apresentados (expondo qualidades e defeitos). O intercalar de imagens de arquivo, de paisagens, de sons e de palavras é feito com muito humor; no entanto, sempre respeitando as personagens e, principalmente, a inteligência do espectador. Em meio à coroação do binômio sexo-e-violência, é reconfortante passar uma ou duas horas no cinema refletindo sobre as coisas mais belas e singelas da existência.
>>> Nem Gravata Nem Honra
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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