Quarta-feira,
10/4/2002
A alegria do palhaço
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 76 >>>
Na escola, aos professores de política internacional, jamais interessa que os conflitos contemporâneos se resolvam. À imprensa, que vive de vender jornais e revistas, igualmente não interessa que as desgraças cessem e que a paz mundial seja instalada. O que dizer, então, dos maiores fabricantes de armas e dos belicistas chefes de estado, que existem e vão continuar existindo, do homem de Neanderthal até à raça que se espalhará pelas galáxias? O caso agora, do Oriente Médio, entra também na ordem do dia porque, depois do 11 de setembro, o Ocidente aprendeu que querelas milenares podem reverberar em paragens até então insuspeitadas. E dá-lhe opiniões desinformadas; e dá-lhe palpites infelizes. Estudiosos, religiosos, e até curiosos pela matéria, clamam para si o direito divino de tirar as conclusões que o momento exige. Esquecem-se, porém, que um dos maiores ignorantes no assunto está decidindo, na Casa Branca, em nome do planeta inteiro. Uma lição duríssima para se convencer de que atos ainda valem infinitamente mais que palavras. Ao mesmo tempo que um sujeito lá do Texas pode apertar o botão e explodir com tudo, os dois principais líderes, de israelenses e palestinos, nada podem contra as iniciativas solitárias e altruístas (!) de seus homens e mulheres-bomba. Hobsbawm errou feio quando disse que o século XX havia se encerrado e que, junto como ele, a Era dos Extremos: contra as maiores superpotências de que se tem notícia estão opondo o terrorismo do faça-você-mesmo, do ready-made, do self-made man. Quer contradição mais espantosa? E desanimadora?
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Julio Daio Borges
Editor |
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