Quinta-feira,
11/4/2002
Two Much
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 77 >>>
É ancestral, no jazz, a contribuição dos ritmos latinos à música norte-americana. Ainda que, oficialmente, o reconhecimento não ultrapasse o status da “co-autoria” e que, historicamente, a originalidade da colônia seja menos importante que a sua descoberta pela metrópole, iniciativas heróicas têm procurado afirmar um legado de inquestionável valor cultural. Assim foi com o “Buena Vista Social Club”, a empresa de Ry Cooder; e assim é com o “Calle 54”, o documentário do cineasta espanhol Fernando Trueba, exibido no festival “É Tudo Verdade”, de Amir Labaki. As comparações com “Buena Vista”, no entanto, param por aí. Enquanto Cooder procurou resgatar toda uma cena em Cuba, tendo retirado grandes artistas do ostracismo, Trueba deixou-se guiar pela memória afetiva, tendo percorrido cidades nos Estados Unidos, em Porto Rico, na Espanha, na Suécia e também em Cuba, para fazer jus a critérios mais pessoais (mais especificamente de alguém que já editou um “Dicionário de Jazz Latino”). Apesar de não se apoiar no rigor da pesquisa, a amostragem é assaz representativa e o resultado final, de uma musicalidade contagiosa e fulgurante. Trueba reuniu – para nunca mais – Paquito D’Rivera, Bebo e Chucho Valdés (em duo), Michel Camilo, Gato Barbieri, Tito Puente, Chico O’Farrill, Cachao, Jerry González e a brasileira Eliane Elias. Todos passaram pelo estúdio da Sony, na Rua 54, em Nova York, onde foram registradas as performances. Além delas, há também depoimentos e introduções breves (na voz do diretor). Ainda que a Bossa Nova eternamente nos embriague com suas conquistas e glórias, há muito que se conhecer da música caribenha, ibérica e sul-americana.
>>> Calle 54 - Fernando Trueba - Festival É Tudo Verdade
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Julio Daio Borges
Editor |
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