Segunda-feira,
22/4/2002
Mulher: o meio é a mensagem
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 78 >>>
Muita expectativa em relação à estréia de “Saia Justa”, no GNT, um programa feito unica e exclusivamente por “mulheres inteligentes”. O anúncio se insurgia, na verdade, contra a onda de peitos e bundas que costuma assolar a televisão brasileira, desde o advento dos chamados “shows de realidade”. O temor era de que – como tudo que é embalado pela tevê – a intenção inicial se perdesse, dando lugar a mais uma atração rasteira de “variedades” ou de puro blablablá (leia-se “talk show”). Para a surpresa geral, não foi o que aconteceu. Fernanda Young, Rita Lee, Marisa Orth e Mônica Waldvogel furaram a barreira do “politicamente correto”, garantindo uma alternativa senão brilhante, ao menos, destoante do marasmo e da passividade que governam a telinha. Foi, por exemplo, incomum e contrário às convenções, o ataque descarado da jovem Fernanda à ex-candidata à presidência, num discurso que, em canal aberto, não passaria. Já no último bloco, Rita Lee desbarata a atração musical que viria a seguir (uma certa cantora americana), sem papas na língua ou possibilidade de represália. Marisa Orth, embora escrachada, esteve mais séria do que o normal, destilando opiniões muito além do “humor pastelão” com que andou associada. Mônica Waldvogel, no papel e na responsabilidade de apresentadora, foi a mais tensa e contida das quatro, tendo se soltado muito pouco; sem comprometer, no entanto, a “performance” das demais. O formato de “Saia Justa” pareceu ágil, apesar do roteiro muito “livre” [a palavra é “loose”], às vezes descambando para a autêntica conversa fiada. Para os que não gostaram (as mulheres que não estavam lá; as telespectadoras enciumadas; os críticos de tevê que não a assistem), um recado: Calma, foi só o primeiro episódio; vamos dar-lhes uma chance; afinal de contas, ao contrário da grande maioria, elas estão tentando.
>>> Saia Justa - Quartas-feiras - 21 hrs. - GNT
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Julio Daio Borges
Editor |
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