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Quinta-feira, 25/4/2002
Always in all ways

Julio Daio Borges




Digestivo nº 79 >>> Existe um princípio de anarquia em Lubitsch (segundo Sérgio Augusto, o diretor mais unanimemente admirado do cinema). Diariamente, às 22 horas, o Telecine Classic exibe um dos nove filmes que escolheu para compor um painel do realizador alemão. As produções são da década de 30 e 40, mas o cinismo e a irreverência das personagens são do tempo presente. No que se refere ao branco-e-preto, porém, não estamos acostumados a topar com o excesso de modos e, em menos de um minuto, com a mais absoluta falta deles. Não se pode confiar no que se vê, afinal, o roteiro promove reviravoltas incessantes, conduzindo as emoções do espectador como se numa montanha-russa permanente. Em alguns casos, o acompanhamento musical serve para nos despertar de um possível transe, mostrando que nada ali deve ser levado tão a sério. A ausência de moral dos protagonistas, que têm quase sempre objetivos bem mesquinhos, choca um pouco no começo; mas, tal como as vítimas no longa, somos também seduzidos por eles, e terminamos torcendo para que inclusive os “maus” acabem bem. Eis o poder da obra-de-arte: subverter as nossas crenças mais firmes e certeiras. Há também uma quantidade invulgar de charme em cada cena, de modo que é quase natural os homens saírem apaixonados pela mocinha; e as mulheres, pelo galã. O virtuosismo de Lubitsch está igualmente na maneira como faz cada diálogo acontecer, acomodando todos os gêneros dentro de um só gênero: a comédia-musical-romântica (invenção nada moderna, portanto). Enfim, todas as razões estão aí, para que não se perca esse ciclo. Até porque, como poucos filmes hoje, ele permite que se termine com um sorriso estampado no rosto.
>>> Nove noites com o toque malicioso de Lubitsch
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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