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Quarta-feira, 1/5/2002
Direita, volver

Julio Daio Borges




Digestivo nº 79 >>> E o mundo se espantou com a vitória de Jean-Marie Le Pen no primeiro turno das eleições presidenciais na França. Para começar, como disse Alfredo Valladão, em entrevista a CartaCapital: não foi Le Pen quem ganhou, foi Lionel Jospin quem perdeu. Outro paradoxo que salta aos olhos: se a esquerda foi mesmo sepultada, com a queda do Muro de Berlim e com o desmonte da União Soviética, o que vem a ser esse uivo, quase em uníssono, quando um candidato de direita ameaça tomar o poder na França? Existe ainda uma confusão muito grande entre o que vem a ser a “nova ordem neoliberal” e os anseios do que se costumava configurar como um “programa de direita”. Afinal, se o neoliberalismo é soberano hoje em dia, como é que a imprensa do mundo inteiro, de repente, se insurge contra um representante do “direitismo francês”? Trocando em miúdos: embora a “ordem neoliberal” tenha sido amplamente adotada, ela não foi combatida por essa atual “esquerda unida”, quando da sua implantação; já a direita, pelo visto, não se identifica “tanto assim” com o neoliberalismo (como provam conservadores como Le Pen) – mas, dentre os males apontados pela “imprensa esquerdizante”, a ela (a direita) permanece como o “mal maior”, a ser combatido a ferro e fogo. [Parece complicado? E é mesmo.] Resumindo a ópera: Le Pen não leva certamente no segundo turno, na França; Chirac será reeleito em massa e baterá recordes. Fica, no entanto, o alerta: mais do que a “direita” (que a “esquerda” tanto teme), deve-se combater esse sistema eleitoral mundial absurdo que, de uma hora para outra, pode apontar um representante que simplesmente não representa a maioria. (Representa apenas a minoria que efetivamente votou.) E isso também vale para o Brasil.
>>> O medo do novo ganhou a eleição
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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