Terça-feira,
14/5/2002
Jai Guru Deva Om
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 81 >>>
O cartaz não inspira muita confiança: Sean Penn bancando o bonzinho e Michelle Pfeifer em pose de “mulher apaixonada”, típica dos filmes que às pencas estrelou. Mas a trilha... [Ah, a trilha...] é uma das mais interessantes dos últimos tempos. Está certo, ninguém mais agüenta ouvir falar em Beatles – mas o que fazer se as versões dos Fab Four ainda dão pano pra manga? É engraçado ver, por exemplo, Eddie Vedder, um ex-rebelde do grunge, numa versão bem comportada (absolutamente reverencial) de You’ve Got To Hide Your Love Away, com gaitinha e menos de três minutos. Também os setentistas do Black Crowes, convertendo Lucy In The Sky With Diamonds em canção de ninar, completamente divorciados de suas guitarras, apelando para teclados e sons de caixinha de música. Nick Cave chegou até a abandonar “aquele tom soturno”, para se afinar com a filosofia esperançosa de Let It Be. Por incrível que pareça, Sheryl Crow foi mais ousada que o normal, transformando Mother Nature’s Son em hino “country” (algo que a original de Paul McCartney já insinuava mas não desenvolvia plenamente). Ben Harper nunca esteve tão pop e nunca soou tão Motown quanto em Strawberry Fields Forever. O que é tudo isso, afinal? Isso tudo é Beatles. Não apenas um conjunto de composições, mas um “jeito” de interpretar, uma “postura” musical, que ainda toma conta de uma geração inteira de músicos – pois, apesar dos diferentes “backgrounds”, a unidade do disco se afirma, indelével. A quem creditar essa façanha senão a John, Paul, George and Ringo? Bons achados também nas (re)leituras de: Across The Universe (por Rufus Wainwright); I’m Looking Through You (The Wallflowers); I’m Only Sleeping (The Vines); Revolution (Grandaddy). Mas que ninguém se engane: o que se ouve, de ponta a ponta, é Beatles.
>>> i am sam (uma lição de amor) - Trilha Sonora - Sum Records
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Julio Daio Borges
Editor |
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