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Quarta-feira, 29/5/2002
A curiosidade da arte

Julio Daio Borges




Digestivo nº 83 >>> Desde o dia 28 de maio, foi aberta ao público a Casa Cor 2002. A cada ano mais ambiciosa, a edição do evento conta com 89 ambientes projetados por 121 arquitetos, 46 mil metros quadrados de terreno (sendo quase 7 mil de área construída), incluindo em sua planta: 7 apartamentos, 10 estúdios, 2 restaurantes, 2 cafés, uma sala de chá, um snack bar e outras incontáveis áreas de convivência; dentre elas, uma capela, que promoverá pela primeira vez eventos musicais. A organização da Casa Cor espera o dobro da visitação de 2001: nada mais nada menos que 100 mil pessoas, em pouco mais de um mês. Dada a magnitude dos números e do imóvel projetado por Ramos de Azevedo (o mesmo responsável pelas obras do Teatro Municipal, da Prefeitura e da Casa das Rosas), no alto do Pacaembu, não é difícil concluir que a decoração se tornou o grande acontecimento artístico dos nossos dias. Se a arte moderna e pós-moderna se aislaram em “conceitos”, abdicando progressivamente do público-pagante, e se este, ainda disposto a uma convivência mais harmônica com a estética e a poética, vive cada dia mais entrincheirado na sua individualidade e na dita segurança intramuros, não poderia haver expressão mais significativa desta época do que a chamada “arquitetura de interiores”. Nela, o subjetivismo do cliente ainda pode (ou pensa poder) expressar-se, através do traço do arquiteto, que, mantendo a aura do artista-transformador (e efetivamente transformando a vida, cotidiana, das pessoas), tem a liberdade, a audiência garantida e o estofo financeiro para criar. Que outra forma de arte desfruta desses três componentes hoje em dia, sendo compreendida e assimilada imediatamente (ao contrário das “provocações”, que se divorciaram do entendimento e da realidade do dia-a-dia)? A Bienal que se cuide. Dentre os destaques deste ano: o restaurante de Sig Bergamin e o buffet Babedec; os banheiros de Roberto Migotto e João Armentano; o estilismo de Léo Shehtman e o passeio de Alex Hanazaki; a sala de espera de Carolina Rocco os espelhos de Patrícia Anastassiadis; a floricultura de Paula, Vera e Teresa e o bar de Bernardes, Jacobsen e Guimarães; a varanda de Nesa Cesar e o home theater de Rosa May Sampaio; a adega de Maria Célia J. Cury e o verde de Brunete Fraccaroli.
>>> Casa Cor 2002
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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