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Terça-feira, 3/9/2002
Está no ar; nas ondas do rádio

Julio Daio Borges




Digestivo nº 97 >>> "Revolução! Revolução! Revolução!" ― é o que pede entre palmas a platéia de uma banda perdida lá pelos idos de 1986. Estamos falando do "Érre Pê Ême", segundo o encarte do ultimamente relançado "Rádio Pirata Ao Vivo". Alguém ainda se lembra o que foi esse disco no tempo em que o Brasil venceu a inflação (e até carne faltou no pedaço)? Foi provavelmente o mais próximo que conseguimos chegar da Beatlemania, com direito a Globo Repórter, "rebeldia" juvenil, explosão hormonal em massa, histeria coletiva, que ecoam, que ecoam... que ecoam até hoje (!). Até hoje? Bom, pelo menos é o que pensam Paulo Ricardo, Fernando Deluqui, Luiz Schiavon, P.A., Guto Graça Mello (que produziu) e a MTV (que lançou): "RPM 2002". [É mole?] É mole mas sobe nas paradas, com vem demonstrando não os sucessos reciclados, como "Revoluções Por Minuto", "Alvorada Voraz" (com uma letra "atualizada" e infame), "London, London" (Caetano até desistiu dela), "A Cruz e a Espada", "Exagerado" (Cazuza revirando na tumba [o clichê aqui é válido]), "Louras Geladas", "Rádio Pirata" e "Olhar 43" ― mas sim a melosa e derradeira "Onde Está o Meu Amor?" (Paulo Ricardo certamente aprendeu alguma coisa em sua fase de cantor e compositor brega). Falando sério, agora: não é má vontade, mas é que eles já voltaram tantas e tantas vezes... (!). Talvez seja uma nova modalidade no show business nacional: ficar indo e voltando, como fazem, por exemplo, os Rolling Stones, há 40 anos. Falando mais sério ainda: quem hoje ouve RPM que não seja um nostálgico assumido, um entusiasta de hits "mela-cueca", ou então um desinformado crônico? E é certo ― também ― que considerações desse tipo não têm por que ofender os RPMs, afinal, quem sobrevive a tantos sucessos e fracassos: ou tem a auto-estima elevada a patamares inabaláveis e inatingíveis; ou então é a própria encarnação do cinismo e da falta de caráter. Qualquer que seja o caso, o RPM está aí para quem quiser ouvir (de novo); e para quem não quiser, também.
>>> RPM 2002 - Universal
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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