Quinta-feira,
12/9/2002
Le Mal
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 99 >>>
A velha história dos bebês trocados na maternidade. Não é o tema principal, mas o ponto de partida para o filme de Claude Chabrol: "A teia de chocolate" ("Merci pour le chocolat" [2000]). Parte do 1º Festival de Cinema Francês, organizado pela Pandora Filmes, começa como drama e termina como policial. É o típico longa europeu de fim de século (XX): tenso, morno e com um cast bastante simplificado. Roteiro: durante um almoço informal, moça descobre que pode ser filha de um renomado pianista; apesar das negativas da mãe, insiste em abordá-lo e conquista a sua confiança quando revela preparar-se para um concurso... de piano (!). A dúvida, não esclarecida até o final, sobre a paternidade move três quartos do filme. O pianista, de meia idade, sente-se rejuvenescido pela presença da possível filha e toma-a como aluna. A moça, que o tinha em alta conta, encontra a situação ideal para aperfeiçoar-se no instrumento. Seria, portanto, perfeito se tratasse dos relacionamentos entre gerações de artistas. Ainda mais com Chopin e Liszt como pano de fundo. Acontece que a esposa do artista, a fria Isabelle Huppert, revela-se uma mulher perversa e uma mente maligna. É aí que "A teia de chocolate" desanda: quem se encanta com as notas e os acordes não quer saber de suspeita de assassinato... Enfim, vale apesar do desfecho melancólico. Aos estetas, sobretudo pela presença de Anna Mouglalis, candidata a beldade na França, uma morena que lembra muito Patrícia Pillar (candidata a primeira-dama). A ambientação é bastante atual: carros Mercedes-Benz Classe A, moderna arquitetura de interiores, laboratórios de última geração (a mãe da moça é médica). E as paisagens da Suíça, para completar. Pensando bem: quem liga para o enredo com tanto cartão postal para olhar?
>>> Merci pour le chocolat
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Julio Daio Borges
Editor |
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