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Terça-feira, 24/9/2002
Música e Dança

Julio Daio Borges




Digestivo nº 100 >>> Há tempos não surgia, na música instrumental brasileira, algo tão singular. Estamos falando de Juarez Maciel e do Grupo Muda, que promoveu um recital na última quinta-feira, no Instituto Moreira Salles. Acumulando um histórico de atividades de mais de sete anos, em Belo Horizonte, o Grupo Muda antecipou a ambientação do "lounge", os "minimalismos" e os "orientalismos" todos (inclusive os de Ryuichi Sakamoto), impondo uma solução definitiva para a eterna disputa entre erudito e popular. Como poucas vezes, não há prejuízo para nenhum dos dois lados, ao se escutar Juarez Maciel ao piano, Demósthenes Júnior ao violoncelo, Paulo Sérgio Thomaz ao violino e Vera Pape-Pape alternando-se entre flauta e sax. Como Juarez, o mentor do conjunto, esteve de 1986 a 1995 na Alemanha (aperfeiçoando-se em harmonia e arranjo, depois de se formar em música pela UFMG), suas composições têm um "acento" tão forte, decorrente dessa mistura de culturas, que é quase impossível traçar uma árvore genealógica que remeta às origens do Muda. Ainda que falte, à crítica musical brasileira, "base" para interpretar essa obra em construção, ela pode ser compreendida por qualquer pessoa (independentemente de se ter formação musical ou não). Eis aí a magia que ninguém consegue explicar. A mesma que seduziu gente como Rochelle Costi e Guto Lacaz, respectivamente autores da capa de "Casa" (1999) e do projeto gráfico de "Desenho" (2000), os dois CDs lançados pelo Grupo Muda. Todo mundo sabe como são tortuosos os caminhos daqueles que se embrenham pela seara da música instrumental, mas, no caso de Juarez Maciel e do Grupo Muda, algo nos diz que essa ordem começa a ser revertida aos poucos, por um trabalho consistente e digno de nota.
>>> Grupo Muda - Instituto Moreira Salles
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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