Segunda-feira,
9/12/2002
Eclipse oculto
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 111 >>>
Dilúvio. Não é preciso ter estado na Arca de Noé para saber do que se trata. Bastava ter assistido aos "Doces Bárbaros", 26 anos depois, no Parque do Ibirapuera. Foi só Caetano Veloso entoar o verso certo, para a chuva desabar impiedosa: "Gente, olha pro céu!". Ainda houve a tentativa de um último número em conjunto (muito a propósito, "Os mais Doces Bárbaros"), mas a multidão já se dispersava e o show teve de ser encerrado às pressas. Não deve ter havido nem condições para CD e/ou DVD. Quem sabe, no Rio. Os populares procuravam abrigo (inutilmente embaixo das árvores), enquanto os VIPs (Prefeita, Família Diniz, etc.) faziam um cortejo só de Mercedes Benz. Era noite e a falta de sinalização e iluminação no Parque fez com que centenas de pessoas permanecessem desorientadas depois de horas. Oscilando entre o prédio da Bienal e a Entrada Principal do Ibirapuera, quilômetros na outra direção. Ao que parece, a apresentação começou pontualmente às seis da tarde, porque, sem ter onde estacionar, os que se atrasaram meia hora encontraram um "Trem das cores" pela metade. Também um "Esotérico", pelo que se pôde inferir, em dueto entre Gal Costa e Maria Bethânia. Mais meia canção até assentar-se num lugar razoável, atravessado por marreteiros, daqui pra lá e de lá pra cá. "Lanterna dos afogados", dedicada ao homenageado da vez (Herbert Vianna), e "Viramundo", desenterrando um Gilberto Gil que ninguém mais conhecia. Já este, em pessoa, preferiu Luiz Gonzaga e a trilha sonora de "Eu Tu Eles". "A luz de Tieta" (eta-eta-eta) foi o canto do cisne - e, para um reencontro de alardeada importância, até que eles estavam pouco ensaiados e muito esquecidos das letras. Um quarto de século depois, os movimentos não são mais o forte da música. Aliás, nem a música, o forte da música.
>>> A volta dos Doces Bárbaros, 26 anos depois
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Julio Daio Borges
Editor |
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