Terça-feira,
10/12/2002
Balanceando
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 111 >>>
A gravadora Kuarup está completando 25 anos. Segundo um de seus idealizadores, Mario de Aratanha, são mais de 150 CDs desde a fundação em 1977, no Rio de Janeiro. Um catálogo de música brasileira, acima de qualquer suspeita, que inclui: desde o Quinteto Villa-Lobos até o violonista Raphael Rabello; desde o clarinetista Paulo Sérgio Santos até o sopro de Paulo Moura; desde o Duo Assad até o cavaquinista Henrique Cazes. Pela lista, pode-se aferir que, sem a Kuarup, discos essenciais do repertório clássico brasileiro, do samba e do choro, estariam esquecidos nos porões das grandes gravadoras ou então, simplesmente, nem veriam a luz do dia. Além dos estilos consagrados e devidamente assimilados pelo público, abre espaço para o que classifica genericamente como "nordeste, caipira e sertão". Dentro desse universo, cabem, por exemplo: Renato Teixeira, Quinteto da Paraíba e Sivuca. A Kuarup trata com a mesma seriedade os gêneros do chamado "interior do Brasil", que terminaram relegados ao último plano depois da explosão do sertanejo abolerado, do axé rebolativo e do pagode acrílico. Também com esse intuito, lançou um CD festejando os 25 anos e reunindo a fina flor da música interiorana. Intitulado "Cantoria Brasileira", o álbum junta no mesmo palco: Elomar, Xangai, Oswaldinho, Heraldo do Monte, Teca Calazans e Pena Branca, entre outros. Abre com "Luar do Sertão", de Catullo da Paixão Cearense, fecha com "Vida de Viajante", de Luiz Gonzaga e Hervé Cordovil, passando por peças instrumentais como "Bebê", de Hermeto Pascoal. Na contracapa, Mario de Aratanha e Janine Houard (sua sócia, responsável pela arte da Kuarup) traçam o percurso do caipira e do caiçara, essa dualidade que marcou a alma do País. Terminam optando pelo caipira, embora o caiçara, com seu cosmopolitismo, tenha nos legado também tanto. Que a Kuarup continue restaurando esse (e outros) equilíbrios, na música.
>>> Cantoria Brasileira - Kuarup
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Julio Daio Borges
Editor |
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