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Terça-feira, 31/12/2002
Artes em 2002

Julio Daio Borges




Digestivo nº 114 >>> As artes estiveram em toda parte em 2002. Espalhadas, como devem ser. Este ano foi de Bienal (a 25ª) e, portanto, de controvérsia. Todo mundo já esqueceu do tema ("Iconografias Metropolitanas"), mas ainda assim lembra da obra pirata, lá deixada por um jornalista (e não percebida pela organização), e também do episódio envolvendo o curador, Alfons Hug, que tentou inutilmente recolher as bolas de uma instalação, apenas porque visitantes ameaçavam chutá-las. Piadas à parte, 2002 foi um ano pródigo em arte moderna, graças ao incansável trabalho do Mam. Antes de qualquer coisa, pela mostra conjunta, Cisneros e Nemirovsky, desencravando Volpis, Portinaris e Di Cavalcantis. E onde as benfeitoras, Patrícia, Paulina e Milu Vilela reinaram absolutas. A contemporaneidade se fez presente na exposição "Além dos Pré-conceitos", da curadora tcheca Milena Kalinovska; e a fotografia, num painel, a partir do acervo do próprio Mam. No embalo dos bons fluidos, estendeu inclusive suas atividades até a música e lançou o CD "Cafémamsp", comungando com o lounge de Fernanda Porto. Para os fazedores, e não só para os apreciadores, de arte, a cidade ofereceu o novo espaço "Pintar!", uma iniciativa louvável na formação e no suporte de novos e velhos artistas. Enriquecendo ainda o universo de referências, a José Olympio editou, em 2002, pelo menos três livros que merecem destaque: a "Viagem ao Rio", de Manet; o "Rembrandt", de Jean Genet; e a "Arquitetura", de Lucio Costa. Paulo Mendes da Rocha, um dos nossos mais eminentes arquitetos, foi ao Roda Viva da TV Cultura, mas acabou prejudicado pela reluzente bancada de entrevistadores. Aldemir Martins, octogenário neste ano, emprestou seu brilho à Nova Galeria André, que foi tomada de gatos. E, internacionalmente, um dos pontos altos foi, sem dúvida, a exposição labiríntica sobre a Praga de Kafka, que, além de escrever (divinamente), também desenhou (nem tanto). Se o que se produz hoje, em termos artísticos, está longe de ser largamente aceito e apreciado, ainda resta, como alternativa, a fruição de outros períodos - e essas iniciativas, mal ou bem, vem realizando esse trabalho.
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