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Segunda-feira, 13/1/2003
Nome aos bois

Julio Daio Borges




Digestivo nº 116 >>> Os Titãs são hoje uma instituição. A frase, proferida por um Nando Reis em tom depreciativo, momentos antes de sua saída do conjunto, guarda o seu fundo de verdade. Falar mal dos Titãs, não compreendê-los ou mesmo ignorá-los, é subtrair as duas últimas décadas da História da Música Popular Brasileira. Essa impressão se confirma muito pela recente biografia, lançada pela Record, e assinada por Hérica Marmo e Luiz André Alzer. A imprensa, quando abordou o livro, preocupou-se em levantar o pano das intimidades, das rivalidades e dos desentendimentos entre os integrantes do grupo. "A vida até parece uma festa" (2002), felizmente, é mais que isso. Lá estão, desde os primórdios do noneto (sim, originalmente um noneto) "Titãs do Iê-Iê" (sem o terceiro "Iê"), no colégio Equipe, até a saída de Arnaldo Antunes, a morte de Marcelo Fromer e o estabelecimento do quinteto (Miklos, Britto, Branco, Gavin e Bellotto). O destaque fica por conta dos "golden years", expressão cunhada pelos próprios Titãs para designar a formação clássica, responsável pelos álbuns iniciais, por "Cabeça dinossauro" (1986), "Jesus não tem dentes no país dos banguelas" (1987), "Õ blésq blom" (1989) e até pelo "Acústico" (1997), que pôs todos juntos novamente no mesmo palco, acompanhados pelo produtor Liminha. Numa espécie de um "mea-culpa" público, a banda assume os erros do passado, embora bata forte na crítica (que soube enxergar muitos deles na época). Fica claro que a auto-produção (em "Tudo ao mesmo tempo agora" [1991]) foi equivocada e que as parcerias com um dos papas do grunge, Jack Endino, produziu resultados duvidosos, salvo nos casos de "Domingo" (1995) e "A melhor banda de todos os tempos da última semana" (2001). A fase comercial (pós-"Acústico") tenta se justificar, mas o prato principal é mesmo as origens e os fins, os "anos dourados" da década de 80. O volume de pouco mais de 350 páginas faz justiça a uma figura menos consagrada mas, no entanto, central: Sérgio Britto, o titã preferido de Renato Russo. Destaca também as atividades paralelas de cada membro e conta, de quebra, parte da História do Rock Brasileiro. Ainda que não sejam tão geniais quando se quis propagandear, os Titãs despertaram muitos sentimentos naqueles que conviveram com suas composições. É para esses, portanto, mais que para todos os outros, que foi escrita "A vida até parece uma festa". Os mesmos que vão se enxergar em alguns capítulos ou páginas.
>>> A vida até parece uma festa: toda a história dos Titãs - Hérica Marmo e Luiz André Alzer - 402 págs. - Record
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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