Sexta-feira,
17/1/2003
Feeling lucky today?
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 117 >>>
A década de 70 foi do hardware. E da IBM. A década de 80 foi também do hardware. E da Apple. Já a década de 90 foi do software. E da Microsoft. Há algum tempo atrás, todo mundo apostava que os anos 2000 seriam da internet. Mas desde a virada do milênio que não se sabe mais nada, e ninguém quer arriscar. Talvez, em termos de negócios, a Web (e supostamente uma empresa dentro dela) nunca atinja mesmo o gigantismo de uma International Business Machines ou de um Bill Gates. Acontece que, apesar de todos os prognósticos (negativos), a internet vem se tornando onipresente na vida das pessoas. Espera-se que, com o tombo das telecons, finalmente se perceba que o problema não era com a "nova economia", muito menos com a World Wide Web, mas sim se relacionava àquele momento no tempo: ruim para nove entre dez empreendimentos pioneiros. Ainda que o dinheiro não lubrifique as engessadas relações no universo virtual, e não erga o novo monstro empresarial de tentáculos intercontinentais, há fenômenos muito interessantes em curso. Por exemplo, o Google. O mecanismo de busca que arrola para si, modestamente, a autoridade de ditar o Zeitgeist (o "espírito do tempo"). O Google que, no início, era apenas uma ferramenta alternativa ao Yahoo! e ao Altavista, para encontrar uma determinada coisa na internet, e que, de repente, se converteu no oráculo dos internautas ao redor do globo. Abrigando mais de 3 bilhões de endereços e atendendo a mais de 55 bilhões de requisições anuais, o Google é praticamente a porta de entrada da maioria dos que se conectam à WWW. O resultado das enquetes mais freqüentes em 2002 comprova: nos Estados Unidos, a CNN; no Reino Unido, a BBC; e na França, a FNAC. Ou seja, antes de digitar "cnn.com" (o óbvio ululante), os americanos digitam "google.com", e só então procuram pela Cable News Network. Os franceses e os habitantes da Grã-Bretanha fazem igual, com suas respectivas instituições seculares, cujos endereços na Grande Rede deveriam saber de cor. Isso dá uma idéia da força do Google. Não contentes, os fundadores inauguraram o Google News, que rastreia 4 mil sites no planeta, hierarquizando as notícias por ordem de importância e relevância. O que aconteceria se eles se tornassem a referência também nesse setor? A página de busca com design singelo e parco, que já assumiu as funções de dicionário e de gênio da lâmpada, ameaça seriamente tomar o lugar dos deuses de hoje.
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Julio Daio Borges
Editor |
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