Segunda-feira,
17/2/2003
Rir é o melhor remédio
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 121 >>>
De 1989 a 1993, a pedido de Luiz Schwarz, Ruy Castro organizou suas antologias de mau humor, lançando-as pela Companhia das Letras. Sempre uma coleção de frases, sobre diversos assuntos, que poderiam (ou não) ter um tema central ("amor" e "poder", por exemplo, nas duas últimas). Em 2002, no entanto, Ruy reuniu os três volumes em um só e, de quebra, acrescentou mais 400 frases novas. Para quem não conhecia, trata-se - ao contrário do que prega o título - de uma celebração do bom humor, algumas vezes a ponto de arrancar gargalhadas do leitor. Esta versão condensada, em mais de 350 páginas, ousa em algumas coisas (as fontes, por exemplo, mudam o tempo todo), mas provoca saudade das caricaturas e da sobriedade editorial das primeiras edições. Um olho clínico percebe também diferença no conteúdo. A impressão é de que Ruy Castro quis popularizar ainda mais sua iniciativa, tirando alguns frasistas menos conhecidos do público brasileiro e acrescentando outros. Ganharam mais força, digamos, os nomes e os respectivos ditos de seus colegas e amigos de profissão. Estão lá, mais presentes: Ivan Lessa, Sérgio Augusto, Paulo Francis, Luis Fernando Verissimo e Millôr. Entraram na galeria, também, aforistas de outras órbitas: Agamenon Mendes Pedreira, Danuza Leão e Angela Ro Ro (entre outros). De qualquer maneira, os campeões de audiência continuam sendo os iniciadores das primeiras compilações. No time brasileiro: Nélson Rodrigues e Tom Jobim. No time internacional: Oscar Wilde, H.L. Mencken e Ambrose Bierce. Interessante notar como cada escolha revela uma preferência - apontando para futuros projetos do organizador. Afinal, todo mundo sabe que Ruy Castro escreveu a biografia de Nélson, dedicou uns quantos livros a Tom e traduziu Mencken e seus "insultos". A seleção de ditados e pensamentos caiu de moda nos últimos anos, ou então sucumbiu aos apelos da auto-ajuda. Ruy, felizmente, é do tempo em que se "nivelava por cima", sendo que uma máxima poderia equivaler a uma janela para determinado autor.
>>> Mau humor - Ruy Castro - 362 págs. - Companhia das Letras
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Julio Daio Borges
Editor |
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