Quarta-feira,
3/12/2003
Sua marca precisa ser... revista?
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 151 >>>
A coleção da editora Contexto segue; agora com o “Jornalismo de Revista”. Quem assina o volume é Marília Scalzo, diretora do Curso Abril de Jornalismo. A produção do livro é correta, mas sem grandes novidades. Um pouco de História, para quem não sabe; no entanto, nada que não se pudesse naturalmente intuir. As revistas, por exemplo, começaram como publicações literárias – e é irônico que hoje, no Brasil, não haja mais nenhuma (ou quase nenhuma); justo num mercado “pujante” em termos de editoras (de livros). Marília Scalzo, na verdade, representa uma era que pode ter acabado (alguns acham que, com o retorno dos investimentos, ela pode voltar). Um tempo em que havia “redações”, e em que o jornalista podia se dar ao luxo de seguir um “código de ética”. A exemplo do que implementou Henry Luce, o fundador da “Time”: a divisão entre “Igreja” e “Estado”, como se os veículos pudessem sobreviver sem fazer nenhuma concessão ao mercado. Funciona em sala de aula. (Marília é professora.) Hoje o anunciante duvida até da própria sombra; acha que o anúncio não vale (o que custa). O leitor, com o advento da internet (vamos admitir), está se desacostumando a pagar. E o mecenato, para terminar, exige do jornalismo subserviência total; ou então uma publicação tão “rala” que nem vale a pena editar. Marília Scalzo defende com unhas e dentes sua participação na “Capricho”, a ex-“revista da gatinha”. Miau. Segundo ela, conseguiram o feito de atingir um público jovem (de meninas), cujos gostos e preferências vão mudando de acordo às estações. Por outro lado, não justifica a extinção de uma “Realidade” – preferindo a saída clássica: não há mais lugar, na atual “conjuntura”, para uma publicação dessa qualidade. No fundo, os homens e mulheres que comandaram nossos periódicos, por tantos anos, não se atrevem a explicar como o “nível” pode ter baixado tanto – sem que nada de novo tenha surgido no lugar. Em resumo, o reinado da Abril não parece muito melhor que o da Globo; e faltou autocrítica ao livro de Marília Scalzo.
>>> Jornalismo de Revista - Marília Scalzo - 112 págs. - Contexto
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Julio Daio Borges
Editor |
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