Quarta-feira,
10/3/2004
Comic Riffs
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 165 >>>
“Mosh!” é provavelmente uma das menores revistas do mundo; editada por S. Lobo, um dos sujeitos mais lacônicos da internet (se bem que, por e-mail, quem nunca soou lacônico?). “Mosh!” custa 3 reais e é uma publicação da Gibiteca Editora. Tem 32 páginas e é recheada com quadrinhos e música pop. O entrevistado da segunda edição é Jimi James, uma minicelebridade da “cena” atual. “Mosh!” tem histórias de internautas (de blogs e de fotoblogs); tem desilusão amorosa “teen”, temperada com violência; tem crise de identidade jovem; tem sonhos de consumo da geração “indie”; e tem existencialismo “rock’n’roll”. No fundo, trata-se de mais uma tentativa de expressão de nomes que já convivem com a Grande Rede, mas que ambicionam uma sobrevivência no papel. “Mosh!” é cara para meia hora de entretenimento descompromissado; quase descartável (afinal, quem hoje quer pagar?). No fim, o grito de uma juventude (pós-anos 90) que não aconteceu ainda em revista, e que talvez não vá acontecer. O século XXI, no Brasil, assistiu ao nascimento e à morte da “Play” (da editora Conrad); e da “Crocodilo”, na sua esteira. Viu o pipocar dezenas de títulos sobre informática e sobre a Web, mas que se embrenharam pelo viés técnico e que nunca foram “a voz” em termos comportamentais. Sem contar a “Zero” (um clone tardio da “Bizz”, nas palavras de André Forastieri), e sem contar os híbridos (analógico/digital) como a “Radar Interativo”. Resumindo a ópera: a internet ainda não teve o seu veículo nas bancas. Não conseguiu ser “sintetizada” (talvez porque isso seja mesmo impossível). A “Mosh!” tenta. Como tantas outras, que continue tentando.
>>> Mosh!
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Julio Daio Borges
Editor |
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