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Sexta-feira, 7/5/2004
It’s only rock’n’roll but I like it

Julio Daio Borges




Digestivo nº 174 >>> Há 10 anos, quando Kurt Cobain matou-se, e ao Nirvana, muitos criam ter matado também o rock. Em 2004, descobrimos que não. Pelo menos, não no Brasil. A ascensão dos DJs talvez tenha tirado os roqueiros do holofote, mas há “aldeias” onde o rock’n’roll se mostrou irredutível. Quando em São Paulo, basta passar pela rua Teodoro Sampaio. As lojas de música, e de “músicos”, são até em maior número do que na época em que o autor de “Smells like teen spirit” esteve aqui. E uma lista de selos independentes espalhados por todo o País, desde o sul europeizado até os últimos recantos do axé no norte e nordeste tupiniquins, prova que a efervescência não se restringiu aos recorrentes anos 80. Com base em evidências como essas, estabeleceu-se a Kiss FM, em 2001, partindo de um ramo da CBS brasileira. A rádio hoje comemora seus 35 mil ouvintes por minuto com uma parceria considerada “clássica”, musical e gastronomicamente. A emissora que se consagrou como a nº 1 em “classic rock” se associou à também classificada como “a mais clássica das cervejas”: a Erdinger, alemã de trigo e cevada, com 110 anos de tradição e com um marketing discreto que vem incomodando a todo-poderosa Ambev. Ambas remam na contramão de quem persegue o público juvenil, de “hypes” e hardcores “made in Brazil”, que tanto incomodaram, no ano passado, o Skank. A intenção é demonstrar, na prática, que o típico “roqueiro” foge ao rótulo de “conservador”, “teenager” e “alienado”. A Kiss acredita, por exemplo, estar falando a cidadãos estabelecidos, com situação econômica estável e formação superior. Já a Erdinger quer pegar o bebedor pelo paladar, pela exclusividade e pela inteligência. As duas organizaram o “Circuito Erdinger & Kiss FM”, que vai percorrer, sempre às quartas-feiras, uma rota de pubs e bares diferenciados, como o O’Malley’s, o All Black e o Miller & Goddard. E já foi dada a largada neste último dia 5. Os anfitriões foram os músicos do conjunto Rock Diggers, que recebeu os “rockers” no Corcoran’s Irish Pub, no Itaim, para uma rodada de Erdinger, depois de ter esquentado os motores no Kiss Club (ao vivo, no mesmo dia, às 16h30). Hinos novamente foram entoados, e – apesar das previsões – Neil Young parece que tinha razão. Hey, hey, my, my... Rock and roll can never die.
>>> Circuito Erdinger & Kiss FM
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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