Sexta-feira,
23/7/2004
O saber não ocupa lugar
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 185 >>>
Luiz Felipe D’Ávila tem um caso de amor com a cultura e é a ele que devemos duas das mais bonitas revistas brasileiras dos últimos tempos: “Bravo!” e “República”. A “Bravo!” foi vendida para a Abril e a “República” não existe mais, mas o fato é que – em matéria de jornalismo cultural – alcançamos outro patamar depois de Luiz Felipe D’Ávila. Claro, sem Wagner Carelli e sem Noris Lima, nada teria acontecido – mas D’Ávila foi o “publisher”, a pessoa que reuniu condições para efetivamente levar a idéia a cabo. A nova iniciativa de Luiz Felipe D’Ávila, que hoje dirige as revistas femininas da Abril, é a Casa do Saber. Dele e de outros nomes, como Celso Loducca (o publicitário) e Maria Fernanda Cândido (a atriz). A Casa do Saber, como o próprio nome já diz, pretende ser um centro livre de estudos, com palestras, cursos e oficinas, num ambiente “extra-acadêmico”, instalado na rua Dr. Mário Ferraz, no Itaim. A idéia não é totalmente nova e o objetivo, muito válido, é dessacralizar os “saberes”, e até mesmo os professores (ou “mestres”), que, em classes com poucos alunos, estarão mais acessíveis e expostos. A “Casa do Saber” entra no seu segundo semestre de funcionamento e vai promover suas atividades com gente de renome, como Otavio Frias Filho (o herdeiro do Grupo Folha), Nelson Motta (o produtor e autor de “Noites Tropicais”) e Davi Arrigucci Jr. (um grande ensaísta e uma figura disputada na Flip). O local é agradável e as “salas de aula” dividem espaço com uma ampla livraria e um café simpático. Lá, vão ser discutidos tópicos como: “Obras-primas da Pintura”, “Os Pensadores”, “Grandes Religiões” e “Casamento no Divã”. Mesmo em julho, para alguns casos, o número de inscritos já superou o número de vagas. Espera-se que a Casa do Saber atinja seus objetivos, num País onde não só as classes baixas são carentes de educação e cultura, mas também a elite (econômica). E que a Casa do Saber mantenha sua vocação “ecumênica”, não sucumbindo aos insistentes apelos político-ideológicos como vulgarmente acontece.
>>> Casa do Saber
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Julio Daio Borges
Editor |
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