Domingo,
25/7/2004
In the dark
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 185 >>>
É cada vez maior a aproximação entre o jazz e a música pop. E vice-versa. Desde roqueiros, como Rod Stewart, que resolveram dar uma guinada na carreira gravando “standards”, até jazzistas, como Diana Krall, que decidiram se aproximar do “pop” para explorar outras possibilidades de interpretação. Enquanto isso, os cantores jovens do “american song” pululam, em caras, bocas, desleixos e poses típicos dos ídolos do “rock’n’roll”. Talvez seja um indicativo de que passamos por uma crise da composição, mas é mais correto afirmar que a crise emana das grandes gravadoras. Sem dinheiro para a produção, e principalmente para arriscar novos repertórios, as “majors” estariam partindo para reedições (de “caixas”, como vemos aos montes), para relançamentos (de antigos nomes – que passam por um “revival”, mesmo que relâmpago) e para a reciclagem pura e simples. Não que haja algo de inerentemente mau nessas iniciativas. Graças às reedições, retomamos contato com catálogos inacessíveis há anos; graças aos relançamentos, são corrigidas injustiças, às vezes, históricas (e um ou outro nome desponta); e graças às reciclagens, surpresas inauditas se revelam, como os supracitados Diana Krall e Rod Stewart (em seus mais recentes trabalhos). Lee Aaron é, por exemplo, o caso de um roqueira canadense que – “cansada de guerra” (leia-se: guitarras distorcidas, baterias nervosas e vocais estridentes) – resolveu se aventurar no universo do jazz. E não fez feio, embora não seja propriamente uma originalidade. Como o ex-vocalista dos “Faces”, procura garantir seu espaço no reino do “easy listening” (onde cabe desde o “lounge” até a “world music” – que muitas vezes se confundem). Não é falta de personalidade, é senso de oportunidade: como o cantor de “Sailing”, Lee Aaron sabe que dificilmente seria aceita pelos recalcitrantes ouvintes de jazz tradicional – então direciona seus esforços para o grande público. Não é uma escolha pessoal apenas, como pode a princípio parecer: os vídeos de “Why Don’t You Do Right” e “I’d Love To” – de exímia produção – estão aí para comprovar. É muito cedo, no entanto, para avaliar o casamento entre o jazz e o “pop”. O momento, agora, é de experimentar.
>>> Slick Chick - Lee Aaron & the swingin barflies - Hellion
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Julio Daio Borges
Editor |
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