Sexta-feira,
10/9/2004
Paraíso perdido
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 192 >>>
Hugo Penteado é um desses super-homens contemporâneos. Divide a função de economista-chefe de Asset Management do Banco Real com uma paixão incontrolável pelas causas ambientais. Ao mesmo tempo em que mantém uma coluna no jornal “Valor Econômico”, emite comentários no canal Globo News, realiza séries de palestras agendadas por sua assessoria de imprensa e ultimamente... publica livros. Embora esteja envolvido, até a raiz dos cabelos, com o sistema capitalista, em “Ecoeconomia: uma nova abordagem” (ed. Lazuli) solta os cachorros contra os abusos de uma ideologia que quer crescimento econômico permanente, infinito, e a qualquer custo. Hugo sabe que a soma não fecha e, em conversas (onde pode soar tão ou mais panfletário), aponta para o que chama de “passivo social” – dívidas acumuladas pela sociedade, explodindo a todo momento, nas ruas: violência, fome, miséria, terrorismo, etc. Segundo ele, além da voracidade de países, como os Estados Unidos, consumindo irresponsavelmente recursos não-renováveis do planeta azul, há todo um trabalho que independe de governos, instituições, ONGs: obrigações, como a de reciclar o próprio lixo (por exemplo), com as quais os terráqueos deveriam se envolver e não estão se envolvendo. Em um papo de uma hora, Hugo relembra o problema da água (São Paulo vai sofrer com isso futuramente); o quase caos energético de 2001 (que levou o País ao racionamento forçado); o fim das reservas florestais (e a disputa internacional pelo pouco que sobra – a Amazônia); e um problema crônico, que é tabu entre economistas do nível dele: a concentração de riquezas. Hugo Penteado, por onde passa, costuma deixar platéias boquiabertas. Talvez exagere, mas alguém tem de soar o alarme para essa tão necessária mudança de curso.
>>> Ecoeconomia: uma nova abordagem - Hugo Penteado - 240 págs. - Lazuli
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Julio Daio Borges
Editor |
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