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Quarta-feira, 16/2/2005
Da capo

Julio Daio Borges




Digestivo nº 214 >>> Lauro Machado Coelho, além de autor daquela monumental História da Ópera (pela editora Perspectiva), e além de surgir aqui e ali em artiguetes sobre música erudita no Estadão, pode nos dar o ar de sua graça, agora, também no rádio. Já eram conhecidas suas intervenções nos programas do maestro Walter Lourenção, como o Cena Lírica, na Cultura FM, mas a novidade, hoje, é ter o Lauro diariamente. Em boletins curtos, porém eficientes e inéditos, o jornalista e igualmente professor (de cursos na Fundação Maria Luisa e Oscar Americano) destila sua verve em O melhor programa. Com aquela voz calma de quem nunca perde o fio da meada, ele nos conta, por exemplo, da gravação já histórica de Plácido Domingo interpretando as óperas wagnerianas. Ou aparece, então, no fim do dia, em janeiro, para falar dos 60 anos de nascimento da violoncelista Jacqueline du Pré, que – além de ter virado filme – morreu precocemente, embora tenha deixado registrado seu talento jovem e assombroso. Outro dia falou do concurso para regente-assistente da Osesp, sempre preciso nas informações, resumindo o mais importante e omitindo o desnecessário. Lauro não nos cansa; tampouco se repete; trabalha laboriosamente, enxergando lá na frente, como quando, em uma de suas férias, enfurnou-se com um punhado de anotações de aula e inaugurou a saga de historiador de ópera, que já conta com mais de dez volumes (uma fila já editada, outra fila ainda no prelo). Se alguém sussurra seu nome em rodas de melômanos, não é raro ouvir o complemento: “O Lauro é, sem dúvida, um dos maiores entendidos nessa matéria no Brasil”. Segue-se o silêncio cúmplice (dos demais circunstantes). O mesmo Lauro, no entanto, tem uma paciência de Jó, com analfabetos musicais e principalmente operísticos. Dispõe-se a conversar como se entrasse num bate-papo sobre a novela das oito. Por isso, talvez, encerre suas providenciais transmissões radiofônicas com o e-mail. Situação, sui generis, em que um poço de conhecimento se funde com um convidativo poço dos desejos. Que o conserve a Fundação Padre Anchieta.
>>> O melhor programa - Lauro Machado Coelho
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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