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Quarta-feira, 30/3/2005
Quem te viu, quem te vê

Julio Daio Borges




Digestivo nº 220 >>> O que aconteceu com a geração dos 60? É o caso de se perguntar. Na política, com a ascensão de Lula, do PT e do dito núcleo duro, ela se transformou nisso aí a que estamos assistindo de camarote. (Precisa falar?) Já na música, dois dos maiores expoentes da MPB se tornaram presa fácil para as revistas de fofoca. E só. Enquanto, um terceiro dirige o Ministério da Cultura. (Cadê os resultados?) Mas antes de embarcar na lengalenga de cobranças a Gilberto Gil, que de administrador só tem a formação (vocês esperavam alguma outra coisa?), vale se deter sob os refugos de celebridade em que se transformaram Caetano Veloso e Chico Buarque. O primeiro, ridicularizado no episódio de sua separação, depois de embarcar em duas décadas de projetos mirabolantes (e mornos) da mesma mulher da qual, em 2004, se separou. É o caso, então, de se perguntar: E agora, Caê? A festa acabou, a fulana te espoliou, o barco partiu... Já Chico Buarque pode acumular em gafes artísticas o que o presidente acumula em políticas. Depois daqueles livros que quase ninguém entende, mas dos quais praticamente ninguém fala – pois o lobby é forte –, ele deu para se separar de Marieta Severo e deu para namorar mulher casada no mar do Leblon. Como no caso dos foras do nosso mandatário-mor (vocês reclamam do Severino agora, mas vocês votaram no atraso em 2002...), que – dizem as más línguas lá de Brasília – precisa ser escondido após o “chᔠdas cinco, Chico Buarque de Hollanda necessita ser abafado na imprensa nacional depois do cafofo aquático em praça pública... É por isso que há um esforço, fundamental, em esquecer o que ele é e em lembrar o que ele foi. Porque ele foi grande. Ah, ele foi. Basta conferir a exposição dos 60 anos no Sesc (que passou voando). Além das imagens relativamente óbvias, havia documentos interessantíssimos, principalmente manuscritos de seus clássicos, e extratos em vídeo desde a óbvia “Banda” até a já perdida leréia dos sem-terra... A carreira dos representantes dos 60 não vai ser salva do naufrágio, mas a memória musical brasileira agradece pelos despojos.
>>> Chico Buarque: o tempo e o artista
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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