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Terça-feira, 12/12/2000
Dize-me com quem andas e eu te direi quem és

Julio Daio Borges




Digestivo nº 13 >>> Caetano Veloso, o homem-evento, resolveu lançar um desafio à grande imprensa: concentrou todos os depoimentos e o todo material de divulgação de seu novo CD no portal Globo.com (na internet), e não vai conceder nenhuma entrevista até que se tenha cuidadosamente ouvido o seu disco Noites do Norte. Existe aí uma contradição de apelo simplesmente irresistível. Caetano se diz contra a cobertura que se faz dos "produtos" da chamada indústria cultural, porém alia-se ao conglomerado responsável pela maior pasteurização da arte e da cultura brasileiras nos últimos tempos: as Organizações Globo. É como se dissesse: eu estou usando os microfones e os alto-falantes do Império do Mal, mas eu sou contra a massificação, eu sou contra o conservadorismo, eu sou contra o corporativismo. Mais adiante, cita Joaquim Nabuco, e discorre sobre o abolicionismo, como se a escravização mental promovida por Marinhos, Bonis e Marluces não tivesse qualquer relação com a perpetuação do atraso e do subdesenvolvimento do Brasil e dos brasileiros. Caetano, no fundo, aproveita a ocasião para alvejar e desmoralizar seus desafetos, os velhos (Veja, Folha, Paulo Francis) e os novos (Nação Zumbi e Marcelo D2), tentando impor sua versão oficial dos fatos. Embora creia falar em nome de uma sociedade aviltada, fala, sim, em nome de um ego ferido: o seu.
>>> O jornalismo em debate
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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