Segunda-feira,
16/5/2005
O Cavaleiro da Rosa
Julio
Daio Borges
|
Digestivo nº 227 >>>
Mais arroz de festa do que Yamandú Costa, só mesmo a Osesp, que está também, como ele, em todas. Pois se juntaram pra tocar em março (está muito longe?). Foi antes, claro, da turnê cone sul (em abril), da orquestra de John Neschling, e da reunião de Yamandú com o Zimbo Trio. Foi uma bela noite, na Sala São Paulo (pleonasmo redundante?). Estava lá, igualmente, a fina flor da crítica musical brasileira. Arthur Nestrovski, queimado de sol (como alguém que havia feito bronzeamento artificial), gesticulava sem parar, com quem – parecia ser – Inês (aquela a quem ele dedica o livro). Além do Artur, quase na mesma fila, Zuza Homem de Melo era conduzido entre os degraus e, depois de assentado, observava atento, como aquele seu olhar típico de tartaruga. Grande Zuza. E no palco? Yamandú – num feito inédito para uma sinfônica – pôde dispor de alguns segundos para solar (sua especialidade), enquanto Roberto Minczuk segurava os músicos em silêncio respeitoso. Apesar do virtuosismo de Yamandú, pareceu algo forçado e, mais que a música, lembrou uma atração de circo ou coisa que o valha. Ficaria bem num concerto de rock; ou num freak show. Mas não numa apresentação de peças de Mozart e Strauss (malgrado o retrato, em Amadeus, do primeiro). Houve, ainda, Maurício Carrilho, que estava lá mas que, quando chamado, não se mostrou pras câmeras. (E, entre as escadarias, a voz cafona de Fabio Malavoglia, o novo locutor da Cultura.) Pela casa lotada e pela platéia, ameaçando ser jovem, a estratégia soava como uma tentativa de renovar o público. Num primeiro momento, funcionou. Ocorre que nem só de Paganini vive o homem. E ainda que Yamandú seja o nosso, vai nascer um só a cada 200 anos – como sustentar a Osesp (que não consegue nem regente-assistente), e a Sala, na próxima entressafra? Afinal, um século dura muito; dois, então...
>>> Osesp & Yamandú
|
|
>>>
Julio Daio Borges
Editor |
|
|