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Segunda-feira, 1/8/2005
Força da imaginação

Julio Daio Borges




Digestivo nº 238 >>> Arranco de Varsóvia. O nome – à primeira vista – não inspira muita confiança. Arranco? Varsóvia? Polônia? Nada disso, trata-se de um grupo vocal (e instrumental) de samba do Brasil. Mais precisamente, do Rio. Confirma o título de seu terceiro CD, Na Cadência do Samba, lançamento de agora da Dubas. É, de certa forma, um alívio ouvir um grupo que se dedica basicamente à interpretação. Se as tais “composições próprias” geravam caretas nos adolescentes que, até pouco tempo, iam assistir, no colégio, a bandinhas de rock, hoje o tal “CD de autor” assombra os ouvintes mais adultos de MPB (ou de música brasileira em geral). O repertório escolhido pelo Arranco de Varsóvia, nesse trabalho, leva a assinatura de gente como Caetano Veloso, Zeca Pagodinho, Dorival Caymmi, Jorge Aragão e Naná Vasconcelos. Parece uma mistura suspeita, mas não é, pois a assinatura que prevalece, graças aos exímios arranjos (e à exímia execução), é a do próprio Arranco de Varsóvia. Sua abordagem é tão autêntica e impactante que se o ouvinte desavisado não prestar atenção nos autores, vai achar que as faixas ficam todas a cargo de Paulo Malaguti e sua trupe (e, de certa forma, ficam, afinal). E dos convidados: Dorival Caymmi (em algum lugar, meio escondido); A Parede (sem Pedro Luís, que flertou com Ney Matogrosso); entre outros. A foto do conjunto denuncia sua presença, provavelmente, pelo bairro de Santa Teresa (eles foram acusados de terem sido vistos lá...). Depois desse CD, seria possivelmente “um luxo” se lançar turisticamente na Vila Madalena Carioca (como alguém quis chamar) e topar com, além de Malaguti, Andréa Dutra, Cacala Carvalho, Elisa Queirós e Muri Costa. O samba, assim estilizado, pode ser uma saída para a crise de violão & voz (ao vivo e em estúdio).
>>> Na Cadência do Samba - Arranco de Varsóvia - Dubas
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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