Quarta-feira,
3/8/2005
A última volta do parafuso
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 238 >>>
Quem viu Caco Belmonte zanzando, em 2004, pela Flip, acreditou que, no mínimo, ele deveria ser um autor revelação (d’algum ano...). Caco era todo simpatia e distribuía – com o perdão da palavra – seus Contos para ler cagando. O pior (no bom sentido) é que Caco lançou esses contos na Flip. (Ninguém esqueceu do título, pelo menos.) Promoveu também o Woodstock Literário, junto aos autores da Livros do Mal, e travou contato com Augusto Sales da revista literária Paralelos (a cargo da oficina de autores novos na Flip 2005). Caco era todo agitação e daria – a exemplo de outros autores da Geração 90 e da atual – um belo agitador cultural. Prometeu, à dona da pousada em que se hospedava, e aos outros que estivessem ao lado na hora do café-da-manhã, um romance! “Para a Flip 2005”, solenemente anunciou. O romance ainda não veio ou está no forno, mas Caco fez, em 2005, coisa melhor: fundou com outros autores do Sul uma editora, a Casa Verde. No primeiro livro da sua casa editorial, Fatais, encontramos um Caco mais maduro (do que aquele dos Contos... cagando) junto a outros contistas vários (oito no total). Alguns já célebres, como Luiz Paulo Faccioli, companheiro de Cíntia Moscovich, que lançou, em 2004, o elogiado romance Estudo das Teclas Pretas, pela Record. E alguns com nomes sugestivos, como Marcelo Spalding. A antologia Fatais tem introdução, claro, de Fabrício Carpinejar, e a pergunta (que não quer calar) é: “Ela sobreviveria a uma sabatina de, digamos, Wilson Martins?”. É provável que não. Mas será que isso, hoje, realmente importa? É a pergunta que atualmente mais se faz. Será que não serão esses os “autores médios” – que Daniel Piza uma vez nomeou, defendendo Carlos Heitor Cony – que engrossarão justamente o caldo da nossa literatura, mal balizada por um gênio a cada 50 anos? Caco e seus amigos, ao menos, estão tentando.
>>> Fatais - Vários - 126 págs. - Casa Verde
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Julio Daio Borges
Editor |
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