DIGESTIVOS
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Segunda-feira,
5/9/2005
Gloria
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 243 >>>
Era óbvio que São Paulo precisava de uma orquestra sinfônica de peso; mas era “não-óbvio” o modo de fazê-lo. A solução do enigma, entre outras coisas, todo mundo sabe, chama-se John Neschling – mas será que precisamos de outro texto referendando o dirigente artístico (e maestro) da Osesp? É talvez mais importante ressaltar que a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo gravou atualmente as sinfonias de Beethoven, e falar também, um pouco, claro, de Roberto Minczuk, que regeu com Neschling os CDs que a Biscoito Fino, via seu novo selo Biscoito Clássico, agora solta... Daniel Piza causou rebuliço quando chamou Minczuk de “o maestro”, no caderno “Aliás”, alguns meses atrás. A ciumeira rolou solta, os músicos não gostaram nada e vivem comentando à boca pequena quando se fala em regência no Brasil. A impressão recorrente é a de um desejo de consagração de Minczuk; ora em Veja, ora em programas de televisão (TV a cabo)... Como se Neschling quisesse desviar os holofotes (e as polêmicas) de si, enquanto trabalha e comenta as apresentações da Osesp na rádio Cultura. Minczuk era seu sucessor natural. Ninguém se esquece do anticlímax na tentativa de escolher outro regente-assistente. Minczuk vai embora... Os discos têm um belo projeto gráfico, seguindo a bem-acabada programação visual, justamente, dos programas, na Sala São Paulo – e as aberturas Coriolano e Egmont, do mesmo Beethoven, não poderiam soar melhor. A Osesp, mesmo os críticos mais ácidos confirmam, cumpre a sua função. A Sala vive movimentada, todas as semanas. As platéias prestigiam; os preços são acessíveis. Agora as gravações... Como na terceira semana de agosto, quando a Osesp, sob regência de Claus Peter Flor, emocionou a todos com a Missa Solemnis de Schubert. Até para acreditar em Deus dava. Quanto mais em Neschling; quanto mais em Minczuk... Por mais provinciano (e colonizado) que isso soe é reconfortante ter uma orquestra de padrão internacional na nossa cidade. Uma orquestra que se possa mostrar; uma orquestra para enviar o CD de presente. A Osesp é essa orquestra, e nós temos de nos lembrar disso quando John Neschling se for (como foi Fernando Henrique Cardoso)...
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Julio Daio Borges
Editor
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