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Quarta-feira,
18/1/2006
Metafilosofia e ficção
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 262 >>>
O que esperar da autobiografia de um filósofo? Tirando Santo Agostinho, que inaugurou o gênero – e ainda de lambuja “inventou” a psicologia – com suas Confissões, e Bertrand Russell, com sua alentada obra homônima em três volumes, ninguém sabe o que esperar de uma biografia filosófica. Mas ela floresceu, como gênero, justamente... no século da biografia, o XX. (A moda de falar de si não começou na internet.) O fato é que, recentemente, Colin McGinn arriscou-se na aventura, com A construção de um filósofo, pela Record, em 2005. Os títulos dos capítulos são inspiradores, abordando, por exemplo, a intimidante filosofia da linguagem de Wittgenstein, e outros temas tão ou mais elevados. A quarta capa ostenta o elogio de Stephen (deve ser “Steven”) Pinker e o apoio do – depois vamos saber – “amigo” Oliver Sacks. E, realmente, McGinn começa bem, revelando seus dilemas entre a psicologia e a filosofia, explorando sua relação tensa com Oxford e transformando argumentos cabeludos, como o da existência do mundo exterior, em palavras simples, fáceis de processar. Acontece, porém, que a vida pessoal de McGinn é muito árida em termos de relacionamentos e, por mais que nos interessemos por filosofia, ficamos esperando de aconteça alguma coisa. Logo nas primeiras páginas, ele deixa sugerida a sua homossexualidade, mas... mesmo assim... Parece que para compensar, no final, McGinn cai na frivolidade e precisa falar – embora não haja nenhum interesse filosófico nisso – que conheceu, numa festa, Brad Pitt e sua então esposa Jennifer Aniston. O que há de instigante, numa existência filosófica, provavelmente está lá, mas Colin McGinn podia ter falado mais de si e, ao mesmo tempo, nos poupado de seu momento Contigo.
>>> A construção de um filósofo - Colin McGinn - 266 págs. - Record
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Julio Daio Borges
Editor
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