DIGESTIVOS
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Quarta-feira,
10/5/2006
Talento, mercado e futuro
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 278 >>>
É a mesma velha história do Mauro Dias... Nos anos 90, as majors acabaram com a música no Brasil. Criativamente falando, a situação já andava insustentável para os artistas. O primeiro passo, então, foi dado pela Velas, a gravadora brasileira símbolo dessa época, de Ivan Lins e Vitor Martins. A história da Velas é bem conhecida... veio à luz com uma missão: resgatar Ginga do ostracismo. Conseguiu. Não sobreviveu, porém. Não era o momento certo no Brasil. Nos anos 2000, com a explosão da internet e com o advento do pier-to-pier, da troca de arquivos, as gravadoras grandes reagiram ainda mais violentamente: reduziram ao extremo seu cast e colocaram na rua nomes como Maria Bethânia, Gal Costa e, mais recentemente, Chico Buarque de Hollanda. Veio, para oferecer abrigo, a Biscoito Fino. Qual a idéia? Devolver a dignidade perdida a grandes artistas que haviam sido emparedados pelas majors do disco. Dentro desse contexto, onde se esboça uma reação interessantíssima, com o surgimento de selos e iniciativas novamente criativas, vem à tona, agora, o Olho do Tempo. Agenor de Oliveira, parceiro de Nelson Sargento, Rogério Souza, integrante do Nó com Pingo D’Água, Eduardo Neves, titular da banda de Zeca Pagodinho, e Carlos Fuchs, produtor e dublê de engenheiro de som – os quatro pais fundadores – não têm outro objetivo senão fazer música. E precisa dizer que é sem apelar para o tal “mínimo denominador comum”, para a canibalização de gêneros, dos músicos e do gosto? O padrão, em termos de acabamento e de produção, é o da Biscoito Fino (sem exagero e dando, aqui, o devido crédito). São três os primeiros discos: É Banto, do próprio Agenor; Gafieira de Bolso, do mesmo Eduardo; e Fossa Nova, do já citado Carlos com Marcos Sacramento – o intérprete revelação dos últimos tempos. O Olho do Tempo não precisa de mais nada agora, a não ser acontecer. Chegou a hora dos apreciadores de música no Brasil fazerem a opção entre selos como esse e a eterna esterilidade das majors.
>>> Olho do Tempo
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Julio Daio Borges
Editor
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