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Sexta-feira,
26/5/2006
Quando os mercados falham
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 280 >>>
Paul Krugman era aquele sujeito de quem ouvíamos falar no Manhattan Connection. Ou que víamos, às vezes, traduzido nos cadernos de economia dos jornais. Acontece, porém, que Paul Krugman é, há quase dez anos, um dos mais importantes colunistas do New York Times – um dos mais importantes jornais do mundo. E nós, aqui, nunca lemos Paul Krugman. Que vergonha. Mas ainda há tempo... A editora Record acaba de lançar A desintegração americana: EUA perdem o rumo no século XXI. Um título forte, uma coletânea que reúne sua produção desde que entrou para o jornal (1997) até 2003-2004. Mas não é bravata, não. Ao contrário das que temos, todos os dias, nos periódicos daqui... Krugman saiu de Yale, passou pelo MIT e bate com vontade, mas também com argumentos. É brilhante desde a introdução, quando recupera um estudo perdido, do jovem Henry Kissinger, para embasar suas acusações contra os arroubos imperialistas dos EUA pós-Bush. Kissinger, então apenas um acadêmico erudito e promissor, muito longe de sua participação em governos, analisa como a França napoleônica violou todos os tratados, acordos e normas internacionais para – como império, perante a Europa – se justificar. Krugman, visivelmente assustado com a semelhança – substituindo-se épocas, lugares e pessoas –, acha que os Estados Unidos da América, mesmo antes do 11 de Setembro, age igual. Alerta para a direita religiosa norte-americana no poder hoje. Em meio a congressistas que querem adaptar a realidade do mundo à da Bíblia, que ameaçam o ensino da ciência com a imposição do criacionismo nas escolas, que ressuscitam as Cruzadas em invasões cinematograficamente bárbaras, Krugman tenta fazer ouvir sua voz na multidão. Mesmo para quem não concorda é, no mínimo, um oposicionista estimulante. Agora entre nós.
>>> A desintegração americana: EUA perdem o rumo no século XXI - Paul Krugman - Record - 546 págs.
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Julio Daio Borges
Editor
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