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Quarta-feira,
31/5/2006
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Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 281 >>>
Santos Dumont tem estado aqui e acolá. Quem viu Um Só Coração lembra de Cássio Scapin encarnando o nosso Pai da Aviação e arrastando a asa pra cima de Yolanda Penteado, no caso, Ana Paula Arósio (dupla que se repete agora, no teatro). Depois, já neste ano, Guto Lacaz, um dos maiores experts no assunto "Santos Dumont" - que foi designer -, palestrou sobre ele no Museu da Casa Brasileira. Mas entre a televisão e o museu, tivemos Spacca, com um lançamento no finalzinho de 2005, pela Companhia das Letras, Santô e os Pais da Aviação - uma adaptação da saga de Santos Dumont para os quadrinhos. É a obra-prima de Spacca; tanto que é seu primeiro livro. Além da história do personagem, João Spacca de Oliveira - por extenso - pesquisou o traço, o desenho e o cromatismo da época. Assim, fora o excelente ritmo de fita de cinema - que obriga o leitor a ficar sentado até acabar - Santô nos transporta para uma espécie de "belle époque" da HQ, onde "misturamos" Daumier com Toulouse-Lautrec e os Impressionistas com Júlio Verne. Spacca lidou (do verbo "lidar") habilmente com a controvérsia sobre quem teve a primazia do invento "avião". Não toma, aparentemente, partido de ninguém, nem do Brasil, nem de Santos Dumont, apenas esclarece que a coisa é bem mais complicada (e embolada) do que parece. Santos Dumont empurra a "tecnologia" do balão para o dirigível - pré-zepelim? -; já os Irmãos Wright desenvolvem a tecnologia do aeroplano. Quem coloca o motor e dá a partida no avião, cabe ao leitor decifrar... Quem conhece Spacca sabe do seu fôlego de pesquisador, além da carreira como cartunista de imprensa - mas Santô, realmente, eleva o padrão de exigência para os artistas da sua geração a outro patamar. Ser sério, às vezes, é mais difícil do que ser engraçado. Ao contrário do que pensava Derrida, não estamos eternamente condenados à ironia.
>>> Santô e os Pais da Aviação - Spacca - Companhia das Letras - 160 págs.
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Julio Daio Borges
Editor
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