DIGESTIVOS
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Sexta-feira,
9/6/2006
Metáforas no laboratório
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 282 >>>
Paul Johnson, na mídia, é mais conhecido pelo seu arquiconservadorismo e por ser o historiador preferido de, por exemplo, Margaret Thachter. Mas independentemente de sua posição política, escreveu obras hoje de referência, como sua História dos Estados Unidos (indicada inclusive por Otavio Frias Filho, herdeiro do Grupo Folha) e uma História do Cristianismo. E, misturando sua face de polemista com a de investigador, sua obra mais conhecida aqui talvez seja Os intelectuais (1988). João Cabral de Melo Neto, quando serviu como diplomata em Londres, lamentava o fato de os ingleses perderem muito tempo com a vida pessoal de seus poetas em detrimento de sua obra. Lord Byron era, para Cabral, um exemplo de celebridade literária que se fosse analisada friamente, como poesia, não sobreviveria. Voltando a Paul Johnson, ele está com novo lançamento no Brasil, pela editora Campus: Os criadores (no rastro, claro, desde o título, de Os intelectuais). Os criadores tem grandes momentos em termos de informação, no ranking dos maiores artistas da História para Johnson. Pena, porém, que, no meio da vida de seus biografados, ou no meio da investigação de suas obras, ele inclua quase sempre um viés interpretativo para justificar suas posições políticas (dele, Johnson). Quando fala, digamos, de Wagner – en passant, na introdução – fica mais preocupado com seus constantes pedidos de dinheiro do que com suas óperas. Quando fala depois de Bach, tenta sobretudo provar um certo “determinismo social”, envolvendo hereditariedade. E quando aborda ainda Victor Hugo, embora até consiga admitir que ele seja um gênio do Romantismo, acaba concluindo que foi um parvo em política. Em Os criadores, a erudição de Paul Johnson compensa cada página – mas ele bem que poderia ter sido menos pessoal nas análises e teria produzido mais um clássico.
>>> Os criadores - Paul Johnson - 320 págs. - Campus
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Julio Daio Borges
Editor
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