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Segunda-feira,
12/6/2006
Muito barulho por nada
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 283 >>>
Quando todo mundo aderir, desconfie; quando todo mundo não aderir, desconfie também. Toda unanimidade – a favor ou contra – é burra, disse Nélson Rodrigues. O Código Da Vinci, o filme, é um caso de unanimidade – burra, lógico – ora a favor, ora contra... Não é, obviamente, um clássico e não vai revolucionar o mundo (palmas, agora). Mas não é totalmente descartável (agora, vaias). Como passatempo, por exemplo, funciona (mais vaias). Claro que toda a divulgação “a favor” erra ao querer atribuir uma importância – histórica – que nem o livro nem sua adaptação têm. (Nem, muito menos, seu autor...) Mas, em matéria de sétima arte – se o cinema é “a maior diversão”, como diz Sérgio Augusto –, desempenha razoavelmente bem seu papel, mais uma vez, dentro do gênero aventura. O problema talvez resida no erro de interpretação – igualmente clássico – do gênero thriller no Brasil. Um suspense é, antes de tudo, um corre-corre, com mistérios, assassinatos e perseguições. E recompensas, e revelações, no final. Não tem a pretensão de profundidade, com a qual às vezes se confunde; nem quer inaugurar um novo paradigma, embora seu marketing, muitas vezes, se sirva disso. No caso de Dan Brown, quem o leva muito a sério como literatura, ou como História, ou, ainda, como religião, está errado, naturalmente. Porque ele não é uma autoridade em nenhum desses assuntos. Mas também quem lhe nega a habilidade de produzir bom entretenimento, para as massas, está sendo um pouco rigoroso demais. Claro que Tom Hanks não está brilhante (porque ele nunca é); nem a “Amélie Poulain reloaded”... Mas são interessantes, por exemplo, as sacadas by Photoshop em torno da Última Ceia de Leonardo – mesmo que diluídas... No nosso atual estado de catatonia (o pós-modernismo), injunções históricas são mais que bem-vindas. Nada de anjos, nada de demônios, cinema, às vezes, é só isso: diversão.
>>> The Da Vinci Code
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Julio Daio Borges
Editor
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