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Segunda-feira,
17/7/2006
Bambodansarna
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 288 >>>
É certo que os países nórdicos são conhecidos pelo seu frio, mas poucas vezes São Paulo viu uma harpista tão calorosa quanto Emilia Amper, uma sueca, acompanhada pela Trondheim Soloists, uma orquestra da Noruega. Foi no final de junho, no Teatro Alfa, pela Temporada 2006 do Mozarteum Brasileiro. Logo depois da primeira peça, uma melodia folclórica da Suécia, Emilia encarou a platéia e disparou: “Vocês já viram algo parecido com isto?”. Acontece que a tal “harpa keyed” que ela empunhava, por ser um instrumento medieval e raríssimo, causa sempre um certo estranhamento. Apesar de ser uma “harpa”, como a própria solista observou, é tocada quase como um violino e tem um som que lembra a gaita-de-foles (fora que abre e fecha como uma sanfona!). A curiosidade do público era tamanha que, das primeiras filas, alguém soltou: “Você consegue fazer um vibrato com isso?”. O surpreendente é que, ainda que o instrumento fosse esdrúxulo e produzisse um som maravilhoso, Emilia Amper, em vez de ficar desconcertada, dançou, sorriu e conversou a tal ponto que terminou seu solo ovacionada, de pé, por todo o Teatro Alfa. O Villa-Lobos, da Bachianas nº 9, que havia introduzido um ar soturno, e o Mozart, do Concerto nº 13 para piano, K 415, que havia sido executado belamente, por uma formação de seu tempo, ficaram, dado o carisma da performer, esquecidos na primeira parte do programa. Para encerrar, assistiu-se ainda a um Svendsen (Octeto para cordas, op. 3, em lá maior), que permitiu mais um contato com a música da Europa do Norte (a exemplo da Oslo Camerata que, em 2005, executou Grieg), mas os ouvintes ficariam mesmo com a visão de Emilia Amper, com seu vestido colorido, seu ritmo e sua harpa mágica. Talvez para convencer os opositores da música séria, afinal, se é executada com tanta alegria, pode ser tão alentadora quanto uma “facilidade” qualquer produzida para cair no gosto do vulgo.
>>> Mozarteum Brasileiro
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Julio Daio Borges
Editor
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