DIGESTIVOS
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Quarta-feira,
2/8/2006
Chica Chica Bom Chic
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 290 >>>
Quem leu o Ruy Castro, ficou naturalmente com vontade de ver Carmen Miranda. Em vídeo, até existe. Em CD... Mas o que poderia ser, talvez, um pouco mais que isso (mesmo sendo um risco)? Marília Pêra cantando Carmen Miranda. Por incrível que pareça, foi o que se viu em São Paulo (depois de ter passado pelo Rio), no Tom Brasil Nações Unidas, há algumas semanas. Muito provavelmente por conta do livro, Marília Pêra e seu diretor ressuscitaram a montagem dos anos 70, suprimindo justamente a biografia e focando nos números musicais. Ao contrário do que quase sempre acontece com Carmen Miranda, a Carmen de Marília saiu autêntica – não caricata e nem com cara de “ícone gay” (para usar a expressão de Mario Sergio Conti). Marília rendeu uma Carmen inteira. Não a Carmen original (até porque seria difícil aferir, ela morreu há mais de cinqüenta anos), mas uma Carmen convincente para quem está devidamente informado e coerente com o resto do espetáculo. Se o show não começou com aquele estrondo que se poderia esperar da verdadeira Carmen Miranda, segundo as fontes que nos chegaram, a apresentação foi ganhando corpo e, com um pouquinho de esforço, poderíamos até imaginar como foram aqueles anos no rádio, nos cassinos, pré-Broadway e pré-Hollywood. Marília Pêra, inteligentemente, se valeu do fato de que, mais do que intérprete, Carmen era uma grande performer. Foi o que sobressaiu. E, mais do que uma cantora dos dramas humanos, Carmen foi veículo da alegria e da brejeirice à brasileira – Marília percebeu isso e fez dos duplos sentidos e dos esquetes cômicos os pontos altos. Fora os figurinos, espalhafatosos na medida; e os músicos, compassados como deve ser uma banda de apoio. Meio apagados, apenas, os rapazes do Bando da Lua, que quase sumiram nas cenas em que desembarcou Carlinhos de Jesus... Carmen Miranda, claro, não é a descoberta da América – para quem já conhecia. Mas Marília Pêra fez-lhe justiça.
>>> Marília Pêra volta a viver Carmen Miranda
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Julio Daio Borges
Editor
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