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Quarta-feira,
31/1/2001
Ora (direis) ouvir estrelas
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 18 >>>
Ruy Castro escreveu sobre o príncipe dos poetas em Bilac Vê Estrelas, na série Literatura ou Morte, da Companhia das Letras. Em princípio, pode-se estranhar que um dos nossos maiores eruditos em cultura popular do século XX tenha decidido perfilar uma figura que é puro século XIX. A dúvida se esvai, porém, dada a habilidade de Ruy Castro como biógrafo, e dada a leveza da novela, que não pretende aprofundar-se no caráter bilaquiano da personagem. Ao mesmo tempo, o autor não consegue fugir a uma espécie de síndrome de Jô Soares; ou seja: no afã de querer fazer rir a qualquer preço, acaba simplificando e caricaturando personalidades como Santos-Dumont, José do Patrocínio e o próprio Olavo Bilac. Em verdade, o tom de galhofa e de escárnio que cerca a reputação do poeta deve-se à imagem que os modernistas de 1922 fizeram dele, e de seus ideais parnasianos, tomados como a mais decantada manifestação de artificialismo e de esterilidade poética. Ruy Castro não mexe nesse vespeiro, apenas urde uma trama no Rio do começo do século.
>>> "Bilac Vê Estrelas" - Ruy Castro - 152 págs. - Cia. das Letras
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Julio Daio Borges
Editor
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