Digestivo nº 311 >>>
Marx e sua análise econômica da sociedade estão de tal forma impregnados no nosso vocabulário, e mesmo no nosso modo de pensar, que às vezes é necessário um livro, como o de Edmund Wilson, para nos revelar esse fato. Ainda que Marx e o subseqüente marxismo sejam, de certa maneira, o tema central de Rumo à estação Finlândia, Wilson se orgulhava de ser um “jornalista cultural”, e o volume que ele dedicou às revoluções em 1940, da Francesa (1789) à Russa (1917), foi, surpeendentemente, o primeiro lançamento da Companhia das Letras, em 1986. O quebra-cabeças se completa com a notícia de que a editora relançou a obra, por ocasião de seus 20 anos, em formato pocket, e com a informação de que Rumo à estação Finlândia teve nada mais nada menos de 13 (treze) reimpressões no Brasil. É certo que Marx e o marxismo acabaram fora de moda neste século: o primeiro foi excomungado na era do capitalismo redivivo e o segundo – já uma massa disforme de idéias no tempo do próprio Karl –, terminou como cacoete ideológico de quem ainda não acredita em coisas como globalização. Por estar há mais de 60 anos atrás de nós, Edmund Wilson não faz campanha nem para este nem para aquele lado: Rumo à estação Finlândia permite, pela isenção, que a quarta capa o chame inclusive de “historiador” – e com seu talento de jornalista, o autor efetivamente nos convence de que as revoluções podem ainda ser emocionantes, e interessantes. De Michelet a Lênin, passando por Renan, Lasalle, Trotski e, claro, Karl Marx e Friedrich Engels, Wilson transita com segurança pela verdadeira História das Idéias – e, independentemente do resultado político, sobrevive galhardamente nos anos 2000. A preço mais acessível, agora pela Companhia de Bolso, o volume de pouco mais de quinhentas páginas pode servir de alento ao jovem leitor com saudade daquele tempo perdido do engagement...
>>> Rumo à estação Finlândia
Não entendi esta parte! "É certo que Marx e o marxismo acabaram fora de moda neste século: o primeiro foi excomungado na era do capitalismo redivivo e o segundo - já uma massa disforme de ideias no tempo do próprio Karl -, terminou como cacoete ideológico de quem ainda não acredita em coisas como globalização." A filosofia Marxista continua mais viva do que nunca e cumprindo seu fado tão bem vislumbrado ou visionado por seu autor.