DIGESTIVOS
>>> Notas >>> Música
Segunda-feira,
12/2/2007
La Catedral
Julio
Daio Borges
+ de 2500 Acessos
|
Digestivo nº 316 >>>
Alguém poderia fazer um levantamento acerca da revalorização do violão brasileiro nos últimos tempos. Se na década de 90, Guinga aparecia sozinho no horizonte — mais por causa do heroísmo da gravadora Velas —, nos anos 2000, Yamandú despontou, Leandro Carvalho com mais consistência (agora é maestro e diretor de orquestra no Mato Grosso), até Paulinho Nogueira foi redescoberto (pela Trama!), e até Baden Powell foi relançado (em caixa e em performance inédita). Isso tudo mais ou menos desemboca em João Rabello, que tem o universo "conspirando" a seu favor para ser o grande violonista da segunda metade da década de 2000. A começar pela linhagem, duplamente nobre. De um lado, o fato de ser sobrinho do lendário Raphael Rabello, o maior virtuose do instrumento até a data de sua morte, em 1995. E de outro, de outro ramo, o simples fato de ser filho de Paulinho da Viola e, por conseqüência, neto de Cesar Faria, do igualmente lendário conjunto Época de Ouro. Com duas (ou mais) referências tão fortes, o leitor deve estar se perguntando por qual delas João Rabello optou, neste seu primeiro CD, o irrepreensível Roendo as Unhas (VR6, 2006). O sobrenome já indica, o jogo de luz e sombra, as calças e camisas, até a cabeça baixa, o olhar concentrado, e as poses... É ouvir para confirmar: João, embora toque (com) Paulinho da Viola, quis seguir seu tio, Raphael Rabello — até onde isso nos é permitido afirmar. São dez faixas instrumentalmente poderosas em Roendo as Unhas, e os compositores — praticamente não há nada de MPB cantada — marcam inequivocamente uma opção: Radamés Gnattali, Agustin Barrios e Garoto. ("Leme" e "Rubro" são de João Rabello, o próprio.) Incrível constatar como o animado rapazola de Meu Tempo é Hoje, imerso em cultura popular, se transformou nesse herdeiro sólido do violão clássico brasileiro. Villa-Lobos, mais que os 80 anos de seu seguidor, comemoraria hoje o renascimento do violão no Brasil.
>>> João Rabello
|
|
Julio Daio Borges
Editor
Quem leu esta, também leu essa(s):
01.
A lei e o mando (Além do Mais)
02.
À Sua imagem e semelhança (Imprensa)
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
|
|
|