DIGESTIVOS
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Segunda-feira,
19/2/2007
Sempre uma presença
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 317 >>>
Sivuca, que trabalhou muito a vida inteira, não deixou por menos em seu último registro ao vivo e legou-nos um DVD que é, no mínimo, virtuosístico, nas muitas formações que apresenta. Sivuca: O Poeta do Som, pela gravadora Kuarup, mostra, além da inspiração do compositor, a habilidade do arranjador, que começou a mexer com orquestração relativamente tarde mas que seguiu, exemplarmente, os passos de seu mestre, o maestro Guerra Peixe. Sivuca, do alto de seus 76 anos, no Teatro Santa Roza de João Pessoa, encara, na seqüência, nada mais nada menos que: Quinteto da Paraíba, Camerata Brasílica, Quinteto Latino-Americano de Sopros, Brazilian Trombone Ensemble, Sexteto Brasil e a eterna companheira, também compositora, Glória Gadelha (entre outros). Em sua capacidade rara para a escrita musical – num músico oriundo do povo –, Sivuca dá as mãos a Tom Jobim, que, segundo Edu Lobo, não deixava nenhuma voz de fora do arranjo. Ao contrário do Tom vacilante dos últimos anos com a Banda Nova, porém, Sivuca se apresenta lépido, ainda bastante inspirado e cirurgicamente preciso, junto a um time de estrelas que, assim reunido, nesse DVD, parecia intuir que seria mesmo a última apresentação. O repertório gira em torno do igualmente bem realizado CD Terra Esperança (2005), seu derradeiro registro em estúdio pela mesma Kuarup. Portanto, estão presentes as belas “Amoroso Coração”, “A Doce Canção de Nélida”, “Zabelê” e a própria “Terra Esperança”. Nos extras, Glória Gadelha dá uma “canja” com “João e Maria”, parceria de seu companheiro com Chico Buarque de Hollanda. O clima das performances é, naturalmente, intimista, com Sivuca ao centro, como se se despedisse da música altivo, mas com um gesto delicado. A serenidade contrasta com o festeiro Cada um belisca um pouco (2004), outro de seus últimos discos, com Oswaldinho e Dominguinhos, pela Biscoito Fino. Também a execução foge da grandiloqüência de Sivuca Sinfônico (2004), pela mesma BF, como se Sivuca buscasse nesse “adeus” a representação mais nuclear de sua música... Conseguiu. E coroou uma carreira longa e próspera, dentro e fora de seu País, em música.
>>> Sivuca: O Poeta do Som
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Julio Daio Borges
Editor
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