DIGESTIVOS
>>> Notas >>> Música
Quarta-feira,
4/4/2007
Samba machine
Julio
Daio Borges
+ de 5400 Acessos
|
Digestivo nº 323 >>>
Se a MPB está viva ou morta, só uma pessoa, hoje, pode dar a resposta: Alexandre Kassin. Popular depois de produzir gente como Los Hermanos e Adriana Calcanhotto, e célebre depois de ressuscitar mortos-vivos como Caetano e Jorge Mautner, Kassin vem ganhando mais confiança para soltar, aqui e ali, suas próprias composições – e finalmente temos um álbum inteiro com sua assinatura, ao lado de Domenico Lancelloti e Moreno Veloso. Se o trio chamou a atenção no primeiro registro, Moreno+2 (Luaka Bop, 2001), e experimentou além da imaginação no segundo, Domenico+2 (Trama, 2003), felizmente chegou a um resultado mais ao alcance de meros mortais (como nós), em que a vanguarda se torna digerível e alguns hits (heresia?) até se anunciam (“cantáveis”). Futurismo de, conseqüentemente, Kassin+2 saiu, no ano passado, primeiro no Japão, e, agora, no Brasil, pelo selo Ping Pong. Em um único show low-profile no Sesc Pompéia, em meados de março, a platéia, muito atenta, mais do que uma apresentação, encontrou uma performance ou um happening. O trio passa aquela mesma sensação de despojamento do (quarteto) Los Hermanos, que parece sempre estar ensaiando e tocando como uma banda de faculdade. Moreno, em contraponto a seu pai, o Tímido Espalhafatoso, é o anti-herói da banda; Domenico, o mais comprometido dos três com as artes plásticas, é o explosivo do conjunto; e Kassin, desfrutando de ampla notoriedade como produtor, é o cerebral do grupo. Naquele limbo entre a morte dos stars, superstars e megastars e o fim do suporte (e quase do consumo pago) em música, Kassin, Domenico e Moreno resolveram partir para o experimentalismo com tudo, levando a música brasileira um passo adiante, ensaiando, inclusive, uma sobrevivência além do grande mercado. Não é para todo mundo, mas, como dizia Paulo Francis, azar de todo mundo, e, como dizia ainda Nélson Rodrigues, pior pra todo mundo. Kassin, com ou sem “+2”, avante!
>>> Futurismo
|
|
Julio Daio Borges
Editor
Quem leu esta, também leu essa(s):
01.
Where I End and You Begin (Música)
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
|
|
|