Digestivo nº 333 >>>
Dizem que causou celeuma, na Folha, a crônica de Ruy Castro escarnecendo dos 40 anos de Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band. Ruy gosta de dizer que a maior piada é afirmar que Sgt. Peppers foi o primeiro “álbum conceitual” da História. Até porque não foi; não era um disco conceitual – era, sim, uma piada genial de Paul McCartney. Controvérsias à parte, tem livro novo de Ruy Castro na praça. Sobre música. Com um ou outro capítulo sobre... rock’n’roll. Possivelmente, desta vez, uma boa piada de Ruy – para dizer que ele não tem taaanto preconceito assim contra o gênero e que ele se arrepende de ter brigado com a filha quando, nos anos 90, ela ouvia Guns’n’Roses... Tempestade de Ritmos, à maneira de Um filme é para sempre, do ano passado, reúne artigos de Ruy Castro sobre música, em seus 40 anos de jornalismo, desde a estréia no Correio da Manhã (ombro a ombro com... Nélson Rodrigues). Embora varra um horizonte amplo de quatro décadas, o forte da antologia são os textos escritos na era do CD, na era dos relançamentos portanto, quando todo mundo comprou tudo de novo, mas as gravadoras não reinvestiram em produção, só lucraram – agora, nos anos 2000, estão quebrando. Independentemente de opiniões estéticas, e de Ruy parar no jazz (mal encostando no pop), o livro retrata, em termos de abordagem, o auge do LP, da “bolacha”, e de suas variantes, como o 78 rotações. O mundo que se construiu desde, por exemplo, a explosão do swing (o ritmo) até – Ruy, não tem jeito – Elvis, os Beatles e os Rolling Stones. Um século musical que, com a derrocada das majors, ameaça virar poeira. As aulas de jornalismo de Ruy Castro estão preservadas, mas o mesmo não se pode dizer da indústria que as inspirou.
>>> Tempestade de Ritmos