Digestivo nº 341 >>>
A Veja está preocupada com os Millennials, aqueles que nasceram depois de 1995, com a internet comercial já presente em suas vidas. Entre o choque ensaiado, a crítica leve e a tentativa de compreensão, a revista até que foi feliz em abordar, num especial, o que chamou de “Civilização On-line”. Ainda aparece como um “fenômeno” restrito a adolescentes, e “jovens”, mas mostra que essas pessoas estão crescendo – e que o “mundo adulto”, ou mundo real (para quem preferir), jamais será o mesmo depois delas... Pouca gente parece perceber – ou muita gente simplesmente finge ignorar – que tudo, um dia, passará pela internet (e que quem não passar, praticamente, não vai sobreviver). A WWW do início, de 1995 até 2005 (digamos assim), exigia algum tipo de “presença” virtual: uma homepage em forma de identidade, um site no estilo portfolio ou até um blog na primeira pessoa do singular. Hoje, a Web 2.0 pede ao internauta que saia da casta do ovo; pede ao profissional que ouça seus pares; e pede às empresas (ou marcas) que participem da Maior Conversação da História. Assim, quando a Veja era “maior” do que a internet brasileira, há dez ou mais anos, até poderia arriscar um palpite sobre o futuro da nossa WWW. Agora, quando a internet brasileira é 10, 20 ou 30 vezes maior do que a Veja, em milhões de pessoas, como site ou mesmo como revista, ela se esforça para simples e apenasmente continuar relevante, dialogando obrigatoriamente com a WWW do Brasil. A Rede produziu outra representação da sociedade, onde os indivíduos se organizam de uma nova forma, conversando entre si com cada vez menos mediação da imprensa... A Veja está certa em suas preocupações com os Millennials brasileiros, mas será que eles realmente se importam com a opinião da outrora maior revista brasileira?
>>> A nova civilização on-line
A internet democratizou não só o acesso à informação, mas a produção dela... Hoje não somos obrigados a ter uma visão fabricada, de acordo com os interesses dos oligopólios da comunicação... Podemos expressar, e fazer acontecer, a nossa visão... Atrair nossos semelhantes, que, por sua vez, fazem o mesmo... É um processo... Num futuro próximo, a mídia e a imprensa terão que olhar para nós, a fim de nos retratar, e não o contrádio: criar uma falsa imagem do que somos.