Digestivo nº 350 >>>
A Economist, a melhor revista do mundo, não poupou elogios e decretou: o livro (de papel) acabou. No Brasil, passou meio despercebido — enquanto os brasileiros ainda tentam processar o iPhone (aliás, o último grito em matéria de contrabando). O fato é que o Kindle talvez não seja, mesmo, a solução final para o livro eletrônico. Como tecnologia, responde ao desafio de não precisar de computador (como o iPod), mas fica no meio do caminho entre um browser e o sucessor do livro físico. Ocorre que a tecnologia de Gutenberg não é mais a última fronteira em termos de leitura: hoje se lê tanto na internet quanto no papel (ou mais). Ou seja: qualquer leitor (aparelho) que se preze, não pode se dar ao luxo de resolver o problema dos leitores (ledores) de livro de papel apenas, ele tem de contemplar, igualmente, os leitores de internet (internautas). Parece complicado, mas, conceitualmente, não é. Jeff Bezos, da Amazon, se ocupou, durante anos, com a questão de fazer o livro de papel migrar para o seu "iPod de texto". Essa parte... talvez tenha conseguido. Mas quando tentou integrar a internet — os sites, os blogs (novas fontes de leitura) — ao Kindle, tropeçou no problema de ter de transformar seu leitor eletrônico, que deveria ser simples, num... computador. Quem pensou em Palms, Blackberrys, e até iPhones, acertou. Afinal, onde termina o leitor, puro e simples, e onde começa o computador? Quem for ler a internet, vai querer, também, navegar por ela? E quem for seguir hiperlinks, vai querer enviar e-mails, publicar comentários, consultar o Google? O Kindle dá conta disso tudo? Por que vou preferir ler na sua tela e, não, no meu iPhone, que tira, também, retratos? Por que vou preferir dar forwards através dele se, no meu Blackberry, posso fazer também ligações? Por que vou fazer, nele, anotações, se a minha agenda está sincronizada com o meu Palm? Essas questões têm resposta? O Kindle é a resposta? Não sei, não.
>>> Kindle
Seja em que formato for, me sinto realmente como a última geração do livro de papel. O cara pra se garantir com um livro fora da tela, hoje em dia, tem que ser muito bom e falar com um público muito específico, do qual ele é um guru insubstitível. Só assim ele vende e sobrevive...
O grande apelo do Kindle para a leitura é sua tela, que, apesar de não ser ideal ainda, não possui backlight, e com isso você poderia ler durante muito mais tempo do que suportaria em um iPhone ou BlackBerry. A interatividade e funcionalidadaes possíveis ainda estão muito aquém do que o esperado, mas considerando apenas como a primeira versão, está muito bom...
Eu comprei um desses. Ler um livro de papel é melhor, mas em compensação, dentro dele cabe uma biblioteca inteira. A tecnologia que permite você escrever com um "lapis" e depois exportar como texto digital é impressionante.
Mas... em que outra superfície mesmo é possível (e mais barato) escrever com um lápis????