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Quarta-feira,
20/2/2008
Samba, Jazz & Outras Notas, de Lúcio Rangel
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 355 >>>
Lúcio Rangel entrou para a História como o sujeito que apresentou Tom Jobim a Vinicius de Moraes. Mas Lúcio foi muito mais que isso; ou, justamente por ter sido tudo isso, permitiu que a bossa nova nascesse — dividindo a moderna música brasileira em "antes" e "depois", de modo que a nossa memória "responde" melhor de João Gilberto pra cá. Graças a Sérgio Augusto e à editora Agir, podemos, desde o ano passado, conhecer a faceta jornalística de Lúcio Rangel, percorrendo um pouco de suas "memórias" e reconstruindo seu lugar no cenário. Samba, Jazz & Outras Notas passeia pelo Rio de Janeiro de Noel Rosa, Carmen Miranda, Ismael Silva e Cartola, dentre outros. Também percorre a Paris dos franceses hipnotizados pelo jazz, com tanta intimidade que Lúcio se permite não gostar, por exemplo, do bebop. Embora o volume seja irregular, porque Lúcio Rangel viveu muito mais do que escreveu, seus textos têm um valor testemunhal, de história da música sendo escrita, antes das unanimidades se firmarem e dos juízos se tornarem indiscutíveis. Lúcio, além de acertar mais do que errar (já defendia, por exemplo, Mário Reis, precedendo nosso Luís Antônio Giron), era de um tempo em que havia gente nas redações, a crítica não era essa de laboratório e o jornalista, nascia, morria e amava nas ruas, parafraseando Nélson Rodrigues. Afinal, qual homem de imprensa hoje seria capaz de promover um encontro entre Tom e Vinicius (por mais que não haja mais Toms e Vinicius por aí)? E, deixando de lado por um momento a crise da imprensa, talvez a música não tenha mais o papel central que um dia teve... Então Lúcio Rangel se converte em herói mitológico; e seu Samba, Jazz num mapa do nosso inconsciente.
>>> Samba, Jazz & Outras Notas
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Julio Daio Borges
Editor
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