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Segunda-feira,
30/6/2008
Quarteto Szymanowski no Teatro Alfa
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 371 >>>
Abriu com o Classicismo Vienense de Haydn, a primeira noite do Quarteto Szymanowski, no Teatro Alfa em meados de junho, dentro da Temporada 2008 do Mozarteum Brasileiro. O Quarteto de cordas nº 67, em fá maior, op. 77, nº 2, Hob.III: 82, executado corretamente, exemplificou bem a herança do Barroco, enquanto anunciava já um pouco do Romantismo (Haydn foi professor do jovem Beethoven). Se no primeiro, segundo e até terceiro movimentos o diálogo, ou até o contraponto, de um solista (geralmente o violino) com o conjunto era grande, por vezes desafiador (inclusive o cello), no quarto, e último, movimento, os ânimos se exaltaram, trocando o fraseado, e mesmo o virtuosismo, por algum barulho, se podemos assim dizer, e verdadeiros golpes de percussão, da haste nas cordas, encerrando em aparente caos e confusão. Já Karol Maciej Szymanowski, com seu Quarteto de cordas nº 2, op. 56, de 1927 — obviamente uma homenagem às origens do ensemble, em Varsóvia, nos anos 90 — serviu como um intervalo contemporâneo durante a apresentação. Entre tenso, desesperado, melancólico e até cinematográfico nas imagens, chamou a atenção mas não se sabe se alcançou, aqui, compreensão plena. Schubert, por sua vez, com o Quarteto de cordas nº 14, em ré menor, D 810 "A Morte e a Donzela" foi, compensando tudo, um dos grandes momentos desta Temporada 2008 (que ainda não chegou no meio). Se Haydn foi alegre e divertido, como seu pupilo Mozart, Schubert foi denso, meditativo, exigindo o máximo dos executantes, até para justificar a fama de "o mais poeta entre os músicos", segundo Liszt. O Quarteto Szymanowski esteve não menos que preciso, bastante vigoroso, mas também sutil e delicado, quando necessário — perfeito nas variações do longo e conhecido segundo movimento. A reflexão voltou no terceiro e o quarto finalizou com velocidade, sacrificando o cello e dispersando-se em zumbidos pelo ar. A Morte e a Donzela justificou, novamente, a fama que tem. E o Mozarteum justificou, como sempre, sua Temporada.
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Julio Daio Borges
Editor
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