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Segunda-feira,
15/9/2008
Mitsubishi FM
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 382 >>>
Embora as gravadoras estejam tecnicamente falidas, prevalece, no rádio, o ranço do tempo do jabá e, por mais que o mundo tenha mudado, a programação das FMs permanece ancorada a excrescências como "música de trabalho", "as mais pedidas" e modismos tipo axé, funk e black music. Como na reflexão de Nietzsche sobre o cristianismo, o culto acabou, mas os vícios da velha moral continuam entranhados — pela força do hábito. Curiosamente, porém, são as rádios patrocinadas — que servem a um senhor só —, como a Mitsubishi FM, que têm soado mais interessantes, pela sua liberdade de programação, nos últimos tempos. Se as antigas rádios comerciais ficaram presas a compromissos com anunciantes, assessorias de imprensa e multinacionais do disco, as "patrocinadas" de agora têm compromisso basicamente com a audiência, então se esmeram na programação, e, ainda que façam inserções de sua marca, são muito menos invasivas do que as outras (com seus intervalos intermináveis). As revistas customizadas, em sua maioria, não deram certo, porque o formato sempre esteve comprometido, porque o jornalismo escrito se pasteurizou e porque a moda, felizmente, já passou — mas as rádios do mesmo tipo podem encontrar seu caminho, afinal, embora sua mídia esteja mal das pernas, vai durar mais que o papel; não dependem necessariamente de jornalismo para existir (mas da qualidade de seus DJs); e, até agora, conseguiram se livrar da pecha de modismo, que costuma ser fatal para a sobrevivência. A Mitsubishi, por exemplo, não leva um prêmio por sua originalidade, mas, dentro da proposta, é honesta; mais variada que a grande maioria das FMs de São Paulo, cansa menos; não precisa recorrer, ainda, a grandes grupos, nem ao governo, para "fechar no azul" — o que provoca um alívio nos ouvidos enjoados de spots cada vez menos criativos. A Mitsubishi, como outras estações patrocinadas, pode dar novo fôlego ao rádio.
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Julio Daio Borges
Editor
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